No lugar do exercício democrático, a desmoralização

Os profissionais do setor tecnológico de São Paulo, engenheiros, arquitetos, técnicos e outros registrados no Crea-SP, agora entenderão com clareza o porquê das nossas mensagens de campanha eleitoral terem sido realistas, sinceras e, em alguns momentos, contundentes. Tudo porque sabíamos que seria uma difícil disputa, possivelmente viciada.

É pesaroso imaginar que o Crea-SP provavelmente venha a ser administrado com a mesma técnica e ética  com que foi conduzida a eleição de 3 de julho.  Essa representa, para o nosso adversário circunstancial, a necessidade imperiosa da continuidade no poder, independentemente dos métodos e práticas pouco recomendáveis utilizadas no pleito.

Uma singela amostra do transcorrer eleitoral demonstra que profissionais de engenharia, particularmente aqueles sérios e honestos, viram-se, involuntariamente, envolvidos em uma não-convencional campanha eleitoral, ao ter confiado seus votos numa eleição claramente manipulada por pessoas que, em dirigindo uma instituição pública, deveriam dar exemplo em matéria de lisura e legalidade.

Reportagem nesta edição dá detalhes sobre entrega de cédulas insuficientes, computadores que não funcionaram, urna violada, cancelamento de mesas receptoras aprovadas pelo Confea, fiscais truculentos e utilização de funcionários do Crea-SP em benefício do candidato da situação.

Assim, fica mais fácil sinalizar para os engenheiros de São Paulo qual o provável destino do Crea-SP.  Quem é capaz de manipular uma eleição de uma autarquia federal, com a colaboração de dirigentes e funcionários, poderá fazer o mesmo na administração da instituição. No processo eleitoral, agiram autoritariamente, com atitudes dignas de suspeita, atropelando a ética e a lei.

Aos profissionais de São Paulo que estiveram e continuam conosco nessa luta, meu muito obrigado. Àqueles que não entenderam as nossas mensagens, respeitamos e esperamos no futuro conseguir demonstrar melhor nossas propostas. Lutas limpas, sérias e democráticas, em defesa das nossas instituições, é o que precisamos para defender o nosso espaço profissional e político em defesa da sociedade.

É bom lembrar, contudo, que a história não terminou. As denúncias das irregularidades cometidas em São Paulo, num claro atentado ao direito dos profissionais, foram feitas ao Confea e à Polícia Federal. O processo está sob investigação e a candidatura da situação continua sub judice, mantida por uma liminar que pode cair a qualquer momento.  

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

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