Abertura de cinemas amplia mercado aos engenheiros

Um conceito já consolidado nos países do Primeiro Mundo, o cinema multiplex – que reúne em média dez salas de exibição com diversas opções em um mesmo espaço, além de cafeteria, lanchonete e outros atrativos – vem se difundindo no Brasil nos últimos dois anos. A idéia vem ganhando adeptos entre os investidores e angariando a simpatia do público. Aos engenheiros de diversas áreas, os novos empreendimentos representam oportunidade de atuação.

Quem garante tratar-se de um novo mercado é o engenheiro civil Gilberto Polizio. Trabalhando na Zeenni Reis Barros, empresa responsável pela construção do Shopping Frei Caneca e do Cinema Unibanco Arteplex, que funciona no interior daquele estabelecimento, ele participou da execução da obra. Essa abrangeu profissionais da categoria de diversas áreas, incluindo civil, elétrica, hidráulica, acústica, de instalações e ar-condicionado, além de arquitetos. O gerenciamento geral ficou a cargo do engenheiro civil Newton Duarte Barros, um dos sócios-diretores da Zeenni Reis.

Polizio considera a atuação em tal empreendimento, que utilizou moderna tecnologia, um excelente aprendizado. E acredita que haverá, com a proliferação de multiplex no Brasil, uma especialização nesse tipo de construção, mas não dedicação exclusiva a tal segmento. “Não haverá volume tão grande que justifique isso”, acredita.


Obra diferenciada
Ele ressalta ser um projeto desses mais complexo e específico. “No Unibanco Arteplex teve que se criar toda uma estrutura para que não houvesse qualquer interferência do cinema para áreas vizinhas e vice-versa. Isso foi feito a partir de um tratamento acústico que praticamente é novidade no Brasil”, conta. Tarcisio Santarossa, engenheiro eletrotécnico e de instalações da Zeenni Reis, que também trabalhou no empreendimento, complementa: “O cinema multiplex tem características técnicas e de instalação diferenciadas, como o fato de se ter uma estrutura tipo stadium, em que as salas apresentam forte inclinação (as cadeiras ficam dispostas como em um estádio de futebol).” Além disso, por ser um espaço destinado à arte e à cultura, é preciso, conforme Polizio, aliar estética à infra-estrutura adequada. Daí a presença fundamental da arquitetura.

Em uma obra do gênero, segundo ele, cabe aos engenheiros, além da execução em si na sua respectiva área de atuação, o gerenciamento do projeto e da obra, logística e abastecimento de materiais. “Tem a coordenação de toda a infra-estrutura para instalações especiais, aos projetores, som ambiente e equipamentos de prevenção contra incêndio. Além disso, é preciso fazer adaptações durante a construção”, lembra Santarossa. Na sua concepção, facilitou muito a realização de tais adequações o fato de a estrutura ser metálica e não de concreto. “Isso permite flexibilidade, rapidez e limpeza na obra muito maiores”, acrescenta Polizio. O prazo de realização do empreendimento confirma a agilidade: “A parte estrutural do cinema foi iniciada em fevereiro de 2001 e sua inauguração ocorreu em agosto daquele ano.”

O Unibanco Arteplex ocupa hoje uma área total de 3.800 metros quadrados, no terceiro pavimento do Shopping Frei Caneca, na região central da capital paulista. O complexo inclui nove salas que, juntas, têm capacidade aproximada de 1.300 lugares, uma cafeteria, um bar e uma galeria de arte do Instituto Moreira Salles na entrada do cinema, o qual representou investimento de R$ 5 milhões. O sucesso é absoluto. “Entre sexta-feira e domingo, chegou-se a ter um público de 14 mil pessoas”, assegura Polizio.

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