FIZEMOS A NOSSA PARTE; QUEREMOS SER MAIS OUVIDOS

O Ministro do Apagão, Pedro Parente, quer dar um pito em todos nós quando decreta que não cumprimos a meta do racionamento de energia elétrica. Porém, todos os indicadores, bem-analisados, confirmam uma maciça adesão da sociedade, agindo em sua própria autodefesa, ao programa do governo. E olha que a meta de redução era (e é) bem pesada.

Experimente cortar 20% de qualquer coisa (um dedo em cada mão, por exemplo) e convença-se de como isso é difícil em geral. Ainda mais que, pelo método empregado pelos técnicos do Ministério do Apagão, os 20% de redução sobre a média de consumo de um ano atrás correspondem a uma diminuição efetiva e atual de 25%, devido ao próprio crescimento do consumo nesse período.

Além disso, pelo fenômeno conhecido como alometria (é alométrico o fenômeno no qual o crescimento entre as partes não é proporcional, levando-se em conta um certo padrão), o corte de 20% (ou com mais razão ainda de 25%) pesa muito mais para quem consome menos e foi, portanto, muito difícil de ser feito para a esmagadora maioria da população. E, no entanto, os dados parciais divulgados pela Eletropaulo mostram que a redução foi maior nas residências que gastam até 100kWh (ver tabela).

O SEESP realizou uma importante tarefa ao produzir e distribuir um manual do racionamento (ver canteiro). Com isso, colocou-se ao lado da população e junto com ela pode exigir que novas orientações mais corretas sejam tomadas para enfrentar a crise.

Ela não foi superada e seus efeitos perversos começam apenas a se manifestar. Mas o comportamento de toda a sociedade, do movimento sindical e do próprio SEESP impõe aos gestores da crise que incorporem as preocupações, os anseios e as sugestões de todos.

E isso para não continuarmos a ser tratados como escolares que, mesmo tendo feito (e bem) a lição de casa, são declarados maus alunos pelo bedel.

João Guilherme Vargas Neto
Assessor sindical do SEESP

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