MOBILIZAÇÃO PARA EVITAR O PIOR

Haverá racionamento de energia elétrica. Os que têm a minha idade e viveram no Rio de Janeiro lembram-se do que acontecia no verão que precedeu o golpe militar de 1964: de outubro a fevereiro, os cariocas ficavam sem luz pela manhã e à noite, em horários que variavam de bairro a bairro. Era o blecaute. Não havia ainda o termo "apagão", importado tempos depois da Argentina.

Mas agora, já que o Aurélio recentemente registrou a palavra, haverá apagão em quase todo o Brasil.

Pela aplicação de um modelo de privatização errado, pelo bloqueio dos investimentos necessários, pelo receituário financista do FMI, pela falência dos órgãos reguladores e incúria das autoridades, o povo todo vai sofrer os efeitos perversos de uma verdadeira calamidade anunciada.

E o que é pior: a irresponsabilidade prepara uma situação de lei de Murphy piorada: o que pode dar errado, dará mais errado ainda! Até hoje não foi anunciado, com segurança, o que pode acontecer e quais medidas devem ser tomadas.

Fica clara (sem trocadilho) a necessidade de a população tomar iniciativas, como autodefesa, para evitar a catástrofe.

O movimento sindical se organiza, em protesto, com reivindicações e sugestões, sendo a mais urgente parar o processo de privatizações no setor elétrico. A primeira autoridade a levar em conta essa aspiração ao bom-senso foi o governador de São Paulo, que suspendeu o leilão da Cesp-Paraná. O Sindicato dos Engenheiros, que se destacou na luta para isso, deve continuar ajudando a categoria e a sociedade a agirem efetivamente.

É preciso, para enfrentar a crise, além das medidas estruturais necessárias (e possíveis, como, por exemplo, o anúncio de Furnas de que é capaz de investir, com parcerias, R$ 16,5 bilhões nos próximos seis anos), que o Sindicato organize um grupo de trabalho capaz de se articular com outras instituições para indicar as medidas convenientes e controlar suas aplicações.

Na situação atual, de crise, não é verdadeiro o ditado "quem pariu Mateus, que o embale". Até mesmo porque, no escuro, todos os gatos ficarão pardos...

João Guilherme Vargas Neto
Assessor sindical do SEESP

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