FGTS: COM OU SEM ACORDO, A SOLUÇÃO 
DEVE PASSAR PELO CONGRESSO

Na véspera da reunião do ministro do Trabalho com as centrais sindicais para que essas apresentassem suas propostas para o pagamento das correções do FGTS, surgiu uma luz no túnel. Era um trem vindo em direção contrária.

Que apito tocou o ministro Malan? Candidatíssimo a candidato no ano que vem, o guardião do cofre redescobriu a perversa distribuição de renda e a dispersão salarial e pediu que todos olhassem a situação do fundo: as contas com saldo de até R$ 1 mil correspondem a cerca de 92% do número total (que ultrapassa os 63 milhões), mas não chegam a 17% dos R$ 40 bilhões devidos (ou seja, menos de R$ 7 bilhões). E o ministro propõe-se a pagar esses trabalhadores "mais rapidamente". Mais rapidamente como, cara-pálida?

Um rapidamente que pudesse ser contabilizado como benfeitoria do ministro para os milhões de trabalhadores que receberiam suas pequenas parcelas no ano vindouro, que é ano de eleições... Para os outros, a minoria que possui a maioria dos valores do fundo, vigoraria a refrão (modificado): devo, não nego, não pagarei enquanto puder!

Na reunião do ministro do Trabalho com as centrais houve algum avanço, mas Dornelles revelou ter pressa: quer um acordo num prazo apenas um pouco maior do que Deus gastou para fazer o Universo.

Toda essa situação já levou a Folha de São Paulo, em editorial, a realizar a anatomia de um calote, dizendo que "até segunda ordem, consumou-se o rompimento de uma promessa do Governo Federal feita pouco antes das eleições do ano passado".

As centrais sindicais que têm conseguido manter sua unidade afirmam o princípio da "responsabilidade do Tesouro, do Governo e dos Três Poderes na solução do problema" e se propõem a intensificar as mobilizações e ações judiciais.

Uma coisa fica cada vez mais clara: qualquer que seja o acordo entre os ministros, o Governo, as centrais e os empresários, somente um projeto de lei amplamente discutido no Congresso conseguirá garantir solução, presteza, justiça e obrigatoriedade. Os trabalhadores e seus dirigentes sindicais devem, desde já, começar a se preocupar com esse encaminhamento. Ou então, esperem uma medida provisória imperial do presidente...

João Guilherme Vargas Neto
Assessor sindical do SEESP

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