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05/06/2018

Adeus a Audálio Dantas

 

Soraya Misleh
Comunicação SEESP

 

A Missa de Sétimo Dia pela memória do jornalista e escritor Audálio Dantas nesta terça-feira (5) reuniu, além de familiares e amigos, aqueles que caminharam lado a lado com ele em sua luta por democracia, direitos humanos e inclusão social. Ao lamentar sua morte no dia 30 de maio último, o Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP) se soma aos que se comprometem a preservar seu legado, em prol de um país justo, soberano e democrático.

 


Foto: Beatriz Arruda




A celebração carrega o simbolismo de quem dedicou a vida a essa luta. Celebrada por Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, e concelebrada pelo padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua, realizou-se na Catedral da Sé, no Centro da Capital – mesmo local onde houve o culto ecumênico em memória de Vladimir Herzog, assassinado nos porões da ditadura civil-militar em 1975, quando Audálio proferiu discurso histórico. Na presença de cerca de 8 mil pessoas e apesar da forte barreira militar, ele contestou a versão divulgada oficialmente de que seu colega de profissão havia cometido suicídio. Dantas era presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo à época, que encaminhou à então “Justiça Militar” em janeiro de 1976 o manifesto “Em nome da verdade”, subscrito por 1.004 profissionais da área. Aquele momento foi um marco à redemocratização do País.


Audálio Dantas faleceu aos 88 anos após uma longa luta contra o câncer, que não o impediu de seguir sua batalha contra as desigualdades sociais e pela garantia de direitos humanos fundamentais – que lhe rendeu vários prêmios, um deles pela Organização das Nações Unidas (ONU).


Ao ser empossado em agosto de 2017 conselheiro consultivo da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), durante a 11ª Plenária realizada pela entidade, ele deu exemplo de confiança no potencial daqueles que – como o próprio – acreditam na ação coletiva para assegurar que o País siga sua trajetória rumo à retomada do desenvolvimento. “Temos condições de evitar que o Brasil seja impedido de seguir os rumos que merece por suas lutas pela Independência e em defesa das liberdades públicas. O momento é muito difícil para o nosso país. Honro-me em pertencer a esse conselho, como aos de outras entidades, cujo objetivo comum é lutar pela superação dessa situação”, frisou. A frase e sua atuação recente em prol dos desfavorecidos coroam uma vida dedicada ao bem comum.

 

Trajetória e obra

Nascido em Tanque D´Arca, Alagoas, em 1929, Audálio Dantas revelou ao mundo, em uma de suas reportagens no fim dos anos 1950, a escritora Carolina Maria de Jesus, a qual logo depois publicou “Quarto de despejo” (Ática). Além de estar à frente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, ele foi o primeiro presidente eleito por voto direto da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e deputado federal pelo PMDB (hoje MDB) de São Paulo na década de 1970. Como jornalista, trabalhou nas  revistas O Cruzeiro e Quatro Rodas e no jornal Folha da Manhã. 


Em 2013 ele lançou o livro “As duas guerras de Vlado Herzog” (Civilização Brasileira), que lhe rendeu o Prêmio Jabuti na categoria Livro do Ano de Não Ficção. Audálio Dantas era casado com Vanira Kunc e pai de quatro filhos. Fica a saudade e a inspiração em alguém que ousou fazer a diferença.

 

 

 

 

 

 

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Comentários  
# Audálio, grande brasileiroAntonio Barbosa da S 15-11-2018 06:51
Justa homenagem a um grande brasileiro, mestre do Jornalismo e da civilidade.
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