Opinião

O diferencial da certificação na agropecuária

Susian Christian Martins e Elaine Cristina Delgado

 

É cada vez maior a preocupação com a segurança alimentar, principalmente entre os países componentes da União Européia, o que leva às exigências para com as nações exportadoras. Atualmente, a principal delas diz respeito à certificação dos produtos de origem animal ou vegetal.

Entre os selos agropecuários existentes hoje, destaca-se o EurepGAP. Esse protocolo é uma associação privada e sem fins lucrativos, com sede na Alemanha, que teve sua origem a partir da organização de varejistas europeus (Euro Retailer Produce Working Group - Eurep), preocupados em assegurar a qualidade de produtos destinados ao consumo humano a partir de 1997, quando ocorreram os casos do “mal da vaca louca”.

O EurepGAP descreve requisitos essenciais de qualidade e segurança dos produtos de origem animal ou vegetal, de acordo com as BPA (Boas Práticas de Agricultura), padrões globais de segurança do alimento, preservação do meio ambiente e bem-estar dos trabalhadores.

A norma engloba 14 áreas distintas:

  • Rastreabilidade;
  • manutenção dos registros de produção;
  • variedades e cultivares;
  • histórico e gerenciamento da propriedade;
  • manejo de solo, substratos e contaminantes;
  • utilização racional de fertilizantes;
  • manejo racional de irrigação;
  • proteção à cultura (minimização e uso correto de agrotóxicos);
  • colheita (higiene e segurança);
  • tratamento pós-colheita;
  • aspectos ambientais;
  • manejo, reutilização e reciclagem de descartes;
  • saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores;
  • formulário de reclamações para atendimento a fornecedores, colaboradores e clientes.

A certificação é voluntária, mas vem se tornando um diferencial competitivo, agregando valor ao produto e abrindo mercados. O processo de obtenção e manutenção da certificação vem contribuindo com profundas transformações no ambiente agrícola e industrial. O meio ambiente, por exemplo, passa a ser um ponto importante de atenção e cuidado. Ações de responsabilidade social são estimuladas e as empresas são motivadas a concederem salários justos, condições dignas de trabalho, treinamento e reciclagem profissional, causando um impacto positivo na elevação da qualidade de vida dos trabalhadores.

 

Susian Christian Martins
Engenheira agrônoma, mestre em Solos e Nutrição de Plantas e doutoranda em Ecologia de Ecossistemas pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura/USP;

Elaine Cristina Delgado
Graduanda em Engenharia Agronômica pela Esalq/USP

 

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