Ação sindical

Cenário positivo para as negociações

Soraya Misleh

 

A conjuntura é favorável às campanhas salariais neste ano. Essa foi a conclusão apontada por especialistas durante a sétima edição do “Seminário sobre Campanhas Salariais”, ocorrida em 17 de abril na sede do SEESP. Promovido por esse sindicato, o evento já tradicional marca o início das negociações entre o patronato e os engenheiros, a maioria com data-base em 1º de maio.

O panorama auspicioso que deve nortear o diálogo entre capital e trabalho se mantém desde 2006, como indica o “Balanço das negociações dos reajustes salariais”, relativo ao período, produzido pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) – disponível na íntegra no site www.dieese.org.br/esp/estpesq33_balancodosreajustes2006. Esse foi apresentado no ensejo por José Silvestre Prado de Oliveira, supervisor técnico da Regional São Paulo da instituição. Segundo ele, o levantamento foi feito levando-se em conta 656 negociações realizadas nos setores da indústria, comércio e serviços. Ainda conforme sua preleção, o ano em questão registrou o melhor resultado desde 2004 – período em que teve início trajetória de recuperação do poder de compra dos trabalhadores, após amargarem um 2003 muito ruim e, em 1999, viverem o pior dos mundos. Assim, em 2006, “aproximadamente 97% das negociações zeraram a inflação e 86% culminaram com ganho real de salário”. Além disso, de acordo com Silvestre, começou a se configurar um novo quadro no País, com certa homogeneidade de resultados nas diversas regiões geográficas, assim como nas atividades produtivas. Até 2004, o Sudeste concentrava as principais conquistas. “O cenário de inflação baixa é mais interessante para se negociar e, se associado ao crescimento econômico, melhor ainda”, ponderou. E concluiu: “Aparentemente, a lógica que está norteando os reajustes não é mais a inflação, já dada. Temos que pensar quais outras variáveis podem ser colocadas à mesa, como o PIB (Produto Interno Bruto) e a produtividade setorial.”


Sem mudanças nefastas

Além da sinalização positiva do ponto de vista econômico, politicamente o ambiente também é profícuo às negociações salariais. É o que demonstrou análise feita pelo assessor técnico do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho. “As condições estão dadas a se ampliar o crescimento econômico. Os juros estão em queda, elevaram-se as reservas, o risco-país está no menor patamar. Há ainda desoneração setorial da carga tributária, redução da relação dívida pública-PIB e ausência de crise externa”, explicitou. O momento é confortável às negociações também porque não devem ocorrer mudanças significativas que ameacem direitos históricos dos empregados, como lembra Toninho. Nessa linha, o assessor sindical e político do SEESP, João Guilherme Vargas Netto, ponderou que a luta contra a emenda 3 – a qual retira da fiscalização do trabalho a atribuição de reconhecer vínculo empregatício em caso de pessoa jurídica individual e afronta conquistas e direitos – asseguraria sua derrubada. Essa foi vetada pelo Presidente da República e o governo deve apresentar em breve nova proposta em substituição a ela.

Além disso, Vargas Netto ratificou o momento positivo ao movimento dos trabalhadores e a intenção dos engenheiros de atuarem em parceria com as empresas em prol do desenvolvimento nacional. Sobre o tema, o presidente do SEESP e da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), Murilo Celso de Campos Pinheiro, ressaltou o trabalho realizado em 2006, encabeçado pela entidade nacional, que culminou com o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”. Reunindo as contribuições da categoria a uma plataforma de desenvolvimento para o País com inclusão social, esse propugna por crescimento econômico de 6% ao ano. “São propostas factíveis e estamos lutando para implementá-las.” Com o objetivo de intensificar o diálogo com o governo e incluir as sugestões dos engenheiros em seu plano ao desenvolvimento do Brasil, a FNE realizará em 14 de maio o encontro “O Cresce Brasil e o PAC”.

Participaram do seminário os representantes dos departamentos de Recursos Humanos Walter Sigollo (Sabesp); Célia Dutra (Comgás); Valéria Cabral (Metrô); Antonio Fernando Ramires Branquinho (Telefônica); Gladson Dutra Costa (CDHU); Ronaldo Bento Trad (CPFL); Niedja de Andrade e Silva Afonso (Cosipa); Sérgio Luiz Bolsoni (CPTM) e Marco Antonio Palma (CET). Essa última negociará pela primeira vez com o SEESP. Esteve presente também o assessor jurídico do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva), Carlos de Freitas Nieuwenhoff. Além de apontarem as características de suas companhias e setores, os participantes demonstraram a expectativa de boas negociações, com ganhos para todos.

 
Data-base em 1º de junho

No período de 26 a 28 de março, os engenheiros das empresas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no Estado (Cesp, Cteep, Elektro, Emae, AES Tietê e Duke Energy), reunidos em assembléias, aprovaram suas pautas de reivindicações. Destacam-se, entre os itens, reajuste salarial correspondente à variação integral no ano do maior entre índices que medem a inflação, aumento real de 5% (exceto para Elektro) e salário normativo de R$ 3.800,00 (Cesp, Cteep e Duke), R$ 4.020,00 (Elektro) e R$ 4.150,00 (AES Tietê e Emae).

Já aos engenheiros da Comgás e das empresas do Grupo CPFL estavam marcadas assembléias de abertura das campanhas salariais 2007 respectivamente para 2 e 3 de maio.

 

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