Giro paulista

Pólo cerâmico de Santa Gertrudes é o maior das Américas

Lourdes Silva

 

Antiga capital nacional da telha e hoje com 16 cerâmicas de revestimento funcionando a todo vapor, Santa Gertrudes integra esse pólo em conjunto com as cidades de Araras, Cordeirópolis, Ipeúna, Limeira, Piracicaba e Rio Claro. Tais reúnem outras 20 indústrias do setor. No total, o pólo é responsável por 52% da produção nacional e 85% da estadual.

A significativa fabricação de revestimentos cerâmicos conferiu à região o posto de maior pólo produtor das Américas e o segundo lugar no ranking mundial, só perdendo para o pólo de Castellón, na Espanha. Segundo estimativa da Aspacer (Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento), em 2006 a produção estadual foi de 380 milhões de metros quadrados, sendo 323 milhões produzidos no pólo. “A participação de São Paulo na produção do País no ano passado foi de 65%”, informou João Oscar Bergstron Neto, presidente dessa associação, que reúne 48 cerâmicas, sendo 36 instaladas no pólo de Santa Gertrudes. “A previsão para o setor é que haja um crescimento de 5% em 2007.”

Ainda de acordo com cálculos dessa entidade, no ano passado o pólo incrementou suas vendas para o mercado interno em 11%. E ampliou sua participação nas exportações em 31% no mesmo período – o equivalente a cerca de 87% da produção estadual destinada para tanto.

Esse setor também possibilitou a criação de 15 mil empregos diretos e 200 mil indiretos no Estado, dos quais 65% foram gerados pelo pólo de Santa Gertrudes – ou seja, quase 10 mil e 130 mil, respectivamente. Além desse, outro benefício direto às cidades é a arrecadação de impostos, “especificamente em Santa Gertrudes, que depende quase 100% das cerâmicas, pois outros ramos de atividades não atingem sequer 1% da receita do município”, garantiu Bergstron.

Muito desse crescimento foi possível devido à abundância de argila na região, que é a principal matéria-prima do produto. A tecnologia adotada através do forno monoqueima, 100% automatizado, também contribuiu a esse resultado. Para se ter uma idéia, afirmou o presidente da Aspacer, “hoje nossos fornos produzem 600 mil metros quadrados de piso por mês”. A localização privilegiada é outro fator favorável, como complementou ele, pois o pólo está próximo das melhores rodovias do País (Anhangüera, Washington Luís e Bandeirantes), encontra-se há 170 quilômetros da cidade de São Paulo, cujo mercado é responsável por mais de 50% do consumo de cerâmica, e perto do Porto de Santos. “São componentes importantes que permitiram hoje termos as fábricas mais modernas do mundo.”

 

Trabalho para engenheiro
Na sua opinião, o mercado de trabalho para o engenheiro nesse segmento é vasto, considerando a cadeia produtiva que envolve o setor. Segundo sua explicação, além de poder produzir máquinas e tecnologia para extrair a argila – cujo consumo em 2005 foi de mais de 4 milhões de toneladas somente no pólo – e mesmo transportar a cerâmica, é necessário energia elétrica, produção do esmalte e outras atividades que envolvem esses profissionais.

A expectativa da Aspacer, como integrante da UNC (União Nacional da Construção Civil), é pôr em prática o projeto idealizado por essa entidade em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas. A proposta é de investimento de R$ 206 bilhões na construção civil nos próximos quatro anos. Segundo Bergstron, foi apresentada ao presidente Lula em audiência no Palácio do Planalto no dia 13 de dezembro de 2006. Entre as providências que o Governo deve tomar – com repercussão na expansão ainda maior do setor ceramista na região –, ressaltou ele, estão destinar R$ 16 bilhões do Orçamento Geral da União para o plano de habitação social e estabelecer fundos de investimentos para financiar obras de infra-estrutura.

 

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