Opinião

Cachaçólogos, cachacistas e cachaçófilos

Célia Sapucahy

 

Jairo Martins da Silva é engenheiro eletricista, formado pelo ITA (Instituto de Tecnologia da Aeronáutica). Seus talentos técnicos já eram conhecidos. Profissional de sucesso, desenvolveu sua carreira na Siemens Ltda. do Brasil. Atualmente trabalha na Siemens A.G., em Munique, onde exerce o cargo de vice-presidente de Vendas de Serviços de Telecomunicações para as Américas e Europa Latina.

Com a publicação do livro “Cachaça – o mais brasileiro dos prazeres”, lançado em setembro último pela Anhembi Morumbi, Jairo revela o seu talento de escritor. Numa narrativa gostosa, o livro aborda tudo sobre a cachaça. Iniciando pela sua história, levanta as possibilidades etimológicas da palavra e dá um panorama dos destilados no globo. Traça um mapa da produção de cana-de-açúcar no mundo, apontando detalhadamente as principais marcas e cidades produtoras no Brasil.

Com belas ilustrações, o livro mostra em algumas delas rótulos interessantes e curiosos. Um capítulo é dedicado à sociologia, relacionando a cachaça com religião, folclore, medicina popular, música, literatura de cordel, culinária e com o rico anedotário brasileiro.

De forma bastante didática, o autor descreve com rigor científico toda a produção da cachaça desde a escolha da variedade para o plantio até o engarrafamento, fazendo recomendações inclusive sobre o projeto do alambique e citando a legislação existente sobre a bebida.

Para orientar a compra, a conservação e a degustação, uma série de interessantes informações, como por exemplo: a cachaça tem aromas primário (o da cana-de-açúcar), secundário (adquirido durante a fermentação) e terciário (proporcionado pelo envelhecimento). O autor recomenda que 50ml sejam consumidos em 15 a 20 minutos, como forma de manter-se sóbrio.

Uma idéia atravessa a obra. A da valorização da bebida como um produto genuinamente brasileiro. Tendo uma história que se confunde com a do País, durante séculos foi discriminada, consumida apenas pela população de baixa renda. A partir da década de 70, aumentou seu consumo urbano e algumas iniciativas principalmente em Minas Gerais nas décadas seguintes resultaram no aprimoramento da produção, na promoção da bebida e na sua divulgação no exterior.

 

Célia Sapucahy
É diretora do SEESP e coordenadora do Conselho Editorial do Jornal do Engenheiro

 

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