Giro paulista

São Carlos sedia rede de inovação ao agronegócio

Rita Casaro*

 

Responsável por 40% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional e por mais de 37% dos empregos no País, o setor que também vem sendo responsável pelos resultados positivos da balança comercial nos últimos anos conta agora com um poderoso instrumento. Trata-se da Ripa (Rede de Inovação e Prospecção Tecnológica para o Agronegócio) – www.ripa.com.br –, que funciona no IEA (Instituto de Estudos Avançados) da USP de São Carlos.

Numa palestra a dirigentes do SEESP, que visitaram a instituição em 21 de novembro, o coordenador executivo, Paulo Estevão Cruvinel, apresentou a iniciativa. “Trata-se de um projeto que foi concebido para ter conseqüência à sociedade, com visão e foco no desenvolvimento regional”, afirmou. Segundo ele, um aspecto relevante é evitar a tradicional armadilha brasileira de elaborar uma macropolítica para todo o País sem levar peculiaridades em consideração. “Os biomas são diferentes, a preparação das pessoas e as instituições têm características próprias”, explicou.

De acordo com o professor, o objetivo é constituir uma rede que integre a academia, os produtores, o governo e o terceiro setor, possibilitando a gestão do conhecimento e sua transformação em riqueza. A partir disso, avalia, é possível identificar as demandas reais da sociedade, assim como os conflitos existentes, e chegar às propostas para vencer os desafios do agronegócio brasileiro: aumento de competitividade e inserção no mercado internacional – hoje limitado a 4%; aprimoramento logístico; conscientização de consumidores e usuários; comunicação e formação; e pesquisa e desenvolvimento. Para dar conta dessa pauta complexa, Cruvinel ressalta a importância de se considerar o novo perfil da sociedade, no qual têm destaque a questão ambiental e da qualidade.

 

Competências compartilhadas
Alicerçada nessa base teórica, a proposta surgiu em 24 de setembro de 2003, quando o professor da EESC (Escola de Engenharia de São Carlos), Sílvio Crestana – atual presidente nacional da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) –, apresentou seu primeiro esboço ao Comitê Gestor do Fundo Setorial do Agronegócio. O trabalho começou a ser desenvolvido há dois anos e meio. Na primeira fase, já concluída, foram realizados workshops em todas as regiões brasileiras. Nos eventos, foram levantadas as questões de cada região e elencadas as plataformas a serem incluídas numa política setorial. A partir dos encontros, foram também constituídos núcleos regionais do agronegócio. Realizou-se ainda o mapeamento das competências, que será parte fundamental do funcionamento da Ripa, a partir do momento em que tais informações puderem ser partilhadas por todos os participantes.

Agora, segundo Cruvinel, está em andamento a segunda etapa da Ripa, que vai até 2008 e inclui a sedimentação dos núcleos regionais, que serão transformados em observatórios, a organização de projetos de pesquisas para as prioridades apontadas para os próximos dez anos e a articulação de base para o sistema nacional de pesquisa agropecuária. Há ainda um estudo de cenário para 2021 e a organização do observatório do agronegócio no Brasil.

Com recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), a Ripa contou com R$ 1,2 milhão na sua primeira etapa, além do apoio de diversos parceiros, e tem mais R$ 2,8 milhões para a segunda. Sua coordenação geral está a cargo do professor Sérgio Mascarenhas e a equipe é completada por Cruvinel e pelo professor Plínio Uchoa. Tendo ganho a adesão de mais de mil instituições ligadas ao agronegócio, o projeto tem como órgãos “nucleadores”, além do IEA, a Embrapa, a Abag (Associação Brasileira de Agrobusiness), a Fipai (Fundação para Incremento da Pesquisa e do Aperfeiçoamento Industrial), o Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos) e a Listen (Local Information Systems Ltd).

* Colaborou Lucélia Barbosa

 

Texto anterior

JE 290