Giro paulista

Setor sucroalcooleiro avança pela região Oeste

Lourdes Silva

 

O aumento crescente do plantio de cana-de-açúcar em Araçatuba e nas demais cidades do Oeste Paulista indica uma grande transformação na região nos próximos cinco anos. Segundo José Maria Morandini Paoliello, gerente da Agência Ambiental de Araçatuba da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) e presidente da Delegacia Sindical do SEESP nessa cidade, só na sua região administrativa, que compreende 43 municípios, há seis usinas em processo de instalação, que se somarão às 15 já existentes.

Na região de abrangência da Udop (União das Usinas e Destilarias do Oeste Paulista), que inclui 296 cidades, inclusive Araçatuba, e onde já há 62 usinas em operação – muitas das quais remontam ao surgimento do Proálcool (Programa Nacional do Álcool) criado em 1975 –, existem projetos para construção de mais 40. Dez começarão a funcionar ainda este ano e as demais até 2010. Os investimentos, de acordo com o presidente da entidade, Luiz Guilherme Zancaner, somam cerca de US$ 11,5 bilhões e devem gerar 150 mil postos de trabalho diretos e 600 mil indiretos.

Na opinião de Paoliello, mais importante que a quantidade de usinas é a capacidade de produção. “Se na época do Proálcool saíam de uma destilaria padrão 120 mil litros de álcool/dia, hoje elas têm capacidade de produzir cerca de 600 mil litros/dia.” Além disso, informa ele, as existentes ampliaram as áreas de plantação e a capacidade de moagem. Segundo Zancaner, a projeção é que ao final dessa década as novas usinas produzam 3,96 bilhões de litros de álcool e 4,68 milhões de toneladas de açúcar. Tal volume, afirma Fernando Perri, diretor-secretário da Udop, garantirá emprego aos engenheiros. “Todas as áreas já estão sendo contempladas dentro do setor sucroalcooleiro, pois existe um amplo campo à profissão.”

 

Alta produtividade
De acordo com levantamento da safra de 2004 feito pela Secretaria de Agricultura de São Paulo, o Oeste Paulista tem 9,8 milhões de hectares cultivados, dos quais 1,3 milhão estão ocupados com cana, representando 13,44% da área. Segundo dados da Udop, a média produtiva dessa região é de 80 toneladas de cana-de-açúcar por hectare. Uma tonelada garante a fabricação de perto de 130 quilos de açúcar ou cerca de 90 litros de álcool. A cana também é usada na produção de bioeletricidade, através da co-geração de energia elétrica a partir do seu bagaço. Na última safra, o Oeste Paulista processou 85,8 milhões de toneladas de cana e produziu 3,77 bilhões de litros de álcool e 5,53 milhões de toneladas de açúcar.

Antes de começar a manufatura, os empreendimentos devem se adequar às normas ambientais. Para implantar uma usina, como prevê a Resolução Conama nº 01, de 1986, é preciso um estudo de impacto ambiental. Os projetos das futuras usinas do Oeste Paulista “estão em análise pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e os que já passaram dessa fase, em processo de licenciamento na Cetesb”, informou Paoliello. “Atualmente, no processo de renovação da licença, a Cetesb exige um plano de melhoria com metas progressivas e ganhos ambientais, o que significa uma previsão de aprimoramento contínuo da indústria.”

Para Zancaner, o setor está entre os que mais acatam essas normas, “respeitando as áreas de preservação permanente e mananciais, com tratos culturais que estimulam a conservação do solo e investimentos pesados em reflorestamento e repovoamento de córregos”. Além disso, diz ele, “temos a nosso favor o fato de produzirmos um combustível renovável e limpo, que diminui a liberação de compostos de chumbo na atmosfera e reduz emissões de dióxido de carbono e enxofre, liberados pelos combustíveis fósseis, como o petróleo”.

 

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