Giro paulista

Guará está livre de lixo hospitalar

Lourdes Silva

 

Um dos problemas de saneamento mais preocupantes para as cidades encontrou solução adequada em Guaratinguetá. Lá, o lixo hospitalar ou séptico, denominado resíduo sólido de saúde, desde 1994 é incinerado na unidade local da Basf S.A. Só em 2005, foram destruídas 76 toneladas de materiais, como seringas, algodão, gaze e remédios vencidos. O trabalho é realizado gratuitamente à Prefeitura Municipal de Guaratinguetá e à de Potim. A Basf fornece as embalagens às unidades de saúde para acondicionarem os resíduos.

Esses são coletados pelo Pajoan – Central de Tratamento de Resíduos, sob fiscalização do Saaeg (Serviço Autônomo de Águas, Esgotos e Resíduos de Guaratinguetá), e depois incinerados. Segundo Helvécio Zago Galvão César, diretor de Gestão de Resíduos Sólidos do Saaeg, além de minimizar riscos de contaminação, infecção e doenças muitas vezes letais à população, a incineração contribui para aumentar a vida útil dos aterros, pois reduz o volume de resíduos descartáveis.

De acordo com Wilson Antonio Chini Júnior, gerente de segurança e meio ambiente da Basf, o processo é completo, pois “trata da parte sólida e da gasosa, como determina a resolução Conama nº 316. Ele explica ainda que a incineração a alta temperatura é a técnica mais adequada ao tratamento de grande parte dos resíduos perigosos, porque permite destruição total dos compostos orgânicos.

 

Tecnologia
O incinerador do Complexo Químico de Guaratinguetá, devido à tecnologia de forno rotativo, com oito metros de comprimento e 2,5 metros de diâmetro, tem capacidade para processar anualmente 3.600 toneladas de resíduos sólidos, líquidos e pastosos próprios e de terceiros. Isso permite a homogeneização completa dos resíduos dentro do forno, diferentemente do incinerador de câmara fixa. “A operação é acompanhada por um controlador lógico programável e supervisionada por dois computadores e uma câmera de vídeo que monitora o processo com segurança e precisão”, assegura Chini.

Outra vantagem é o analisador de gases online, que envia o sinal à sala de controle e permite ver as emissões que saem na chaminé, como, por exemplo, monóxido de carbono, enxofre, nitrogênio, temperatura e porcentagem de oxigênio. Além disso, uma câmera no final do forno permite a visualização da incineração no seu interior.

Ao final, gera-se em média 5% do volume incinerado de escória – a parte inorgânica presente no resíduo – que é posta em aterro industrial na própria Basf, aprovado e licenciado pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) e 1% de cinzas. Essas são enviadas ao aterro sanitário na cidade de Tremembé, que armazena resíduos inorgânicos. E no final é emitido um certificado de destruição do lixo pela Basf. Para melhorar a eficácia do incinerador, no dia 20 de maio será instalado o Filtro de Mangas, que aumentará a eficiência de limpeza dos gases, o que exigiu investimento de R$ 1,1 milhão. Com isso, será reduzida para menos que dez miligramas por metro cúbico a emissão de material particulado (dioxina e furano) – o limite permitido é de 70 miligramas e a Basf emite atualmente entre 40 e 50.

 

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