Mercado

Crescem oportunidades a “desenvolvedor” de software

Soraya Misleh

 

É o que garante o diretor do ITS (Instituto de Tecnologia do Software) e membro do Conselho de Administração da ONG Softex, engenheiro Descartes de Souza Teixeira. Segundo ele, a quem tem qualificação, há espaço.

Os produtos baseados em plataforma aberta são um grande mercado que desponta no País, como atesta o conselheiro da Sucesu-SP (Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações de São Paulo), João Roberto Peres. “Contemplam muito mais o ‘desenvolvedor’”, elucida. Teixeira concorda e salienta que a exportação de serviços, para a qual “o Brasil está despertando”, também deve gerar trabalho aos profissionais que atuam no setor. Para Marilene Gomes Vasconcelos, coordenadora da Incubadora Aceleradora de Empreendimentos ITS, a demanda atual é por serviços e há campo para quem tem soluções nesse âmbito.

As maiores oportunidades estão na Região Sudeste, conforme aponta estudo coordenado pelo Instituto Massachussets de Tecnologia e realizado pela Softex. E de acordo com o diretor-presidente do Instituto de Estudos Econômicos em Software, Daniel Martins, apesar de os pólos de desenvolvimento de software estarem se espalhando por todo o País, o Estado de São Paulo ainda lidera quanto à oferta de emprego e renda nesse mercado. Na Região Metropolitana, “há oportunidades nas áreas financeira, industrial, comercial e em prestação de serviços em geral”. Já “fábricas de softwares” começam a deixar a Grande São Paulo e se estabelecer no Interior e em outros estados. Em nível nacional, demanda existe, conforme Martins, ainda nas áreas governamental, de varejo, saúde e biotecnologia – e nem mesmo a crise econômica nos últimos anos a inibiu. Na opinião de Teixeira, há campo tanto aos recém-formados, que dominam as novas tecnologias, quanto aos profissionais experientes, conhecedores de linguagens tradicionais, desde que mantenham-se atualizados.

 

Incentivos – Alternativa para quem quer ingressar no mercado é utilizar a estrutura de uma incubadora de empresas, na concepção de Osvaldir Ribeiro da Silva, analista-desenvolvedor da W3Pro S.A. A companhia, incubada no ITS, já está até exportando. Usando a estrutura do instituto há seis meses, a Labcom Sistemas, por sua vez, lançou um equipamento de monitoração de chamadas e conquistou um grande cliente: a companhia telefônica do Paraná. Na opinião do seu diretor, Armando Drummond, mercado existe. Tanto que de uma equipe de 20 funcionários – da qual ele fazia parte em seu último emprego antes de atuar por conta própria –, inteiramente demitida no final de 2002, Drummond garante que todos conseguiram trabalho e estão ocupados. Para Pascoal Antonio Scopetto Neto, analista de sistemas e programador da Flow Systems, estabelecida na incubadora de empresas de Praia Grande – iniciativa do Sebrae-SP, Fiesp/Ciesp e Prefeitura municipal –, há, contudo, muita concorrência. “Sem parceria para sobreviver fica difícil”, afirma. Daniel Pires da Costa, diretor executivo da Cortex Intelligence – incubada junto à PUC-RJ, que veio a São Paulo lançar seu produto graças à parceria entre aquela universidade e o ITS –, acredita que esse apoio permite à empresa ter solidez no mercado e gerar maior número de postos de trabalho.

Outro caminho às micro e pequenas é tentar obter crédito junto ao Governo Federal. Por intermédio de sua política industrial, lançada no início do ano, que estabelece entre as prioridades a área de software, estão previstas três modalidades de financiamento, como informa o secretário de Políticas de Informática do Ministério da Ciência e Tecnologia, Arthur Pereira Nunes. De acordo com ele, serão apoiadas pelo BNDES, com o Prosoft (Programa para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços Correlatos), e em parte por alguns programas da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Conforme Ernesto Haberkorn, presidente da Assespro (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet), enquanto essa última tem facilitado a liberação de recursos, no Prosoft o problema são as garantias requeridas. “Principalmente as pequenas empresas não têm como dá-las.” Para aquecer o mercado, esse programa precisa, na sua opinião, reduzir as exigências aos projetos apresentados. Henrique Cabral Duarte, gerente do Departamento de Indústria Eletrônica do BNDES, afirma que a crítica não é pertinente. “No Prosoft, para solicitações abaixo de R$ 6 milhões, a única garantia requerida é a fiança dos sócios controladores da empresa.” Em funcionamento desde 1998, até agora o programa atendeu a 29 companhias, comprometendo R$ 87 milhões.

 
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