Editorial

Que venha o crescimento


Apesar da insistência numa política de juros altos e poucos investimentos públicos, a economia finalmente começou a dar sinais confiáveis de que voltou a crescer. A previsão de aumento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2004 chegou aos 4% e há recuperação do emprego. Podendo voltar a trabalhar, os brasileiros correram a pagar suas dívidas, como mostra a queda da inadimplência, e pretendem comprar a crédito.

Impossível dizer quão sólido e duradouro é o atual quadro positivo, tendo em vista principalmente a vulnerabilidade externa do País – e é bom lembrar que sempre podemos ser pegos pelas tempestades financeiras. No entanto, é inegável que o reaquecimento já mostra resultados positivos. No primeiro semestre, segundo o Ministério do Planejamento, o investimento privado no Brasil cresceu 30%, atingindo os US$ 47,2 bilhões. À inversão de recursos, é seguro imaginar, seguir-se-ão bons resultados às empresas. Teremos assim, tudo indica, um feliz segundo semestre.

Nesse cenário, nada mais natural que o movimento sindical avançar em suas reivindicações e conquistas e que os trabalhadores possam receber também o seu quinhão da recuperação da economia. Categorias com data-base nesse período, como metalúrgicos e bancários, já anunciam a batalha por aumento real e maior participação nos lucros.

A situação abre boas perspectivas também a quem encerrou suas campanhas salariais no primeiro semestre, caso dos engenheiros que, na maioria, têm data-base em 1º de maio e 1º de junho. Isso porque, evidentemente, os frutos colhidos em 2004 entram na pauta de 2005, especialmente na PLR. Podemos assim imaginar que os acordos e convenções coletivas firmados neste ano serão incrementados no próximo.

Isso mesmo com o saldo positivo das campanhas salariais, demonstrado pelo balanço publicado na edição 238 do Jornal do Engenheiro. A boa avaliação deveu-se, em primeiro lugar, ao fato de na maior parte das vezes termos chegado a entendimentos por meio apenas da negociação, sem precisar recorrer à Justiça, o que denota confiança e maturidade de patrões e empregados. Além disso, conseguimos recompor os salários de acordo com os índices inflacionários e obtivemos ganhos maiores com abonos, PLR e benefícios.

Sem abrir mão de apontar os eventuais equívocos, o momento é de torcer para que a nossa economia continue a se fortalecer e lembrar que parte desses dividendos cabe aos trabalhadores.

 

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

 

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