Dia-a-dia

Prevenir para que nada venha abaixo

Lourdes Silva

 

Evitar acidentes que podem se transformar em verdadeiras tragédias. Essa é a rotina de Luiz Marcos de Azevedo Marques Albino, assessor técnico do secretário de Governo da Prefeitura Municipal de Santos e coordenador técnico do Plano Preventivo de Defesa Civil.

Engenheiro civil graduado em 1982 pela Universidade Santa Cecília, com especializações nessa mesma escola em Engenharia de Segurança do Trabalho e Engenharia de Controle de Poluição, além de outra em Gestão Ambiental, na UniSantos (Universidade Católica de Santos), sua rotina é dar suporte técnico à Defesa Civil, acompanhar processos e contratos e fiscalizar obras de contenção e segurança nos morros. Parte delas é executada em conjunto com a Secretaria de Obras para minimizar ou corrigir algumas situações que possam causar acidentes, envolvendo dois engenheiros civis, um arquiteto e um geólogo.

O esforço pela prevenção, contudo, nem sempre atinge seu objetivo. Foi o que ocorreu em fevereiro último, num edifício na Praia do Boqueirão, que teve o concreto de uma varanda rompido. No local, Albino solicitou a documentação do edifício, conversou com o síndico, delimitou a área de risco junto com o oficial do Corpo de Bombeiros, fez o registro fotográfico e o relatório do incidente. “Isso não é comum e, quando acontece, geralmente verificamos que houve negligência dos responsáveis pela conservação, em especial das estruturas”, afirma.

Nesse caso, apesar do susto, não houve vítimas. O último registro de acidente fatal, conta ele, foi em 2000, quando um desplacamento rochoso com rolamento (ou seja, uma rocha desprendeu-se do morro) matou um garoto de 12 anos. Os morros são exatamente os locais que demandam maior ação preventiva. Segundo Albino, são 17 abairrados em Santos, com 2.200 edificações em risco, numa área de quase 7km2, conforme o cadastro 1994. Por meio de uma linha de financiamento do Ministério das Cidades, a Prefeitura pretende atualizar esses dados e elaborar um Plano para Redução de Risco nos Morros, informa ele.

Essas características da cidade representam, além do perigo, trabalho aos engenheiros civis e àqueles com conhecimento em estabilização de encostas, reconhece Albino.

Rotina – Todas as manhãs, ele verifica se houve ocorrência de madrugada e se há necessidade de direcionar uma equipe de técnicos de segurança para o local. Muitas das vistorias são solicitadas por munícipes e envolvem situações que vão desde ocupações no morro até problemas em imóveis na orla litorânea. Algumas denúncias chegam pelo telefone da Defesa Civil e o procedimento é atender e dar ciência ao setor encarregado do assunto. Porém, chegam também questões que não cabe à Prefeitura solucionar, em que as pessoas são orientadas a procurar o Fórum Condominial ou de Pequenas Causas, por exemplo.

A Defesa Civil, junto com a Secretaria do Meio Ambiente, fiscaliza a venda de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) para garantir a segurança da população. Além disso, através de contrato com a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica, recebe previsões meteorológicas e monitora os vários setores ligados aos serviços públicos. Isso é essencial, pois a cidade tem pouca declividade e se chover muito há possibilidade de alagamento. Não bastasse isso, “como o ambiente marítimo é corrosivo, a deterioração nas estruturas de concreto e aço aumenta, se não forem tomados os devidos cuidados”, ensina Albino. O intemperismo, afirma ele, é outra agravante: “Registram-se 30º, de repente cai para 20º, 18º. Isso causa dilatação e contração na estrutura, que acaba rompendo. Exige atenção redobrada.”

Por tudo isso, o engenheiro acredita que seu maior desafio é a própria natureza. O aspecto mais gratificante do trabalho, diz ele, é “ver os moradores do morro querendo ajudar o poder público”.

 

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