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Sindical – Encontro debate o futuro do Fórum Social Mundial

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Qual importância tem hoje para o Brasil o Fórum Social Mundial (FSM)? E para os demais países? Para tentar responder a essas e outras questões, organizações brasileiras e internacionais promoveram o “Seminário FSM Rumo a Túnis”, em Salvador (BA), entre 22 e 24 de janeiro último.

O encontro, que reuniu 235 participantes de 130 organizações e teve mais 400 acompanhando-o online, foi preparatório ao FSM, que ocorrerá de 24 a 28 de março, na capital tunisiana. Membro do Conselho Internacional (CI) do fórum, Damien Hazard, da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) e da Vida Brasil, destacou: “O Brasil está bem representado. Há tanto organizações mais conhecidas, como centrais sindicais e movimento negro, quanto outras recém-criadas, de base, do interior do País, de pessoas com deficiência, de povos tradicionais e mais urbanas, como o MPL (Movimento Passe Livre).”

Esta será a segunda vez que a Tunísia sediará o FSM. Em 2013, fazer um fórum naquele país era algo natural após os protestos ocorridos desde dezembro de 2010, que deflagraram a chamada Primavera Árabe, o que na prática significou a derrubada de governos ditatoriais como o tunisiano e o egípcio, num primeiro momento. Agora, os organizadores avaliam que a realização do evento no mesmo local é estratégica. Nos últimos quatro anos, apesar de alguns avanços políticos, a situação econômica piorou muito na África, que sente os impactos negativos da crise na Europa. “O Mar Mediterrâneo se tornou um cemitério. Milhares morrem tentando atravessar para a Europa. O fórum é um espaço vital para os movimentos sociais, para a promoção dos direitos econômicos, ambientais, para encontrar alternativas ao neoliberalismo”, afirmou Hamouda Soubhi, diretor executivo da Rede Marroquina das ONGs Europeias e Mediterrâneas e cofundador no Marrocos do Fórum das Alternativas do Sul, que integrou uma das mesas.

Na sua ótica, só a unidade de ação poderá levar a novos avanços. Ele frisou a importância de fortalecer as lutas da região, como a pela libertação da Palestina e independência do povo saarawi e convocou: “Venham a Túnis para trabalhar conosco em nossas aspirações.”

O antropólogo Alaa Talbi, membro do Fórum Tunisiano de Direitos Econômicos e Sociais e um dos organizadores do comitê local do FSM Tunísia, falou da importância dos sindicatos. Em entrevista ao Jornal do Engenheiro, ele contou um pouco sobre seu papel na Primavera Árabe: “As centrais sindicais do país têm muita força e apoiaram realmente a revolução dos jovens. Desempenharam ainda um papel fundamental na transição política, de democratização do país.”

Em janeiro de 2014, a Tunísia ganhou nova Constituição, mais progressista graças à mediação de integrantes de centrais e entidades da sociedade civil, que fazem parte do Comitê de Organização do FSM. O texto estabelece a liberdade de crença e consciência, institui a igualdade entre homens e mulheres, assim como a paridade de representação nas assembleias políticas, a liberdade de expressão e de opinião e concede autonomia ao Poder Judiciário. Quatro membros dessas organizações locais integram o novo governo como ministros – duas mulheres e dois homens.

Ao ser questionado sobre a baixa representatividade dos novos movimentos no seminário internacional em Salvador, o antropólogo reconheceu que não havia muitos jovens presencialmente, mas lembrou que muitos acompanhavam online. “Temos que dar-lhes espaço. Essa será uma das questões debatidas em Túnis, a construção de uma nova dinâmica entre esses jovens”, relatou.  De acordo com Talbi, das mais de 1.700 organizações já inscritas, somente 3% são da América Latina e Brasil.


Banalização

O economista, urbanista e cientista político francês Gustave Massiah, do Centro de Pesquisa e de Informação para o Desenvolvimento (Crid/França), apontou algumas reflexões, como a crise atribuída ao evento no Brasil que, para ele, é das organizações. “A diversidade é uma questão teórica”, enfatizou, lembrando que a dinâmica do evento não caminha em uma direção única, e isso torna difícil sua aceitação em alguns movimentos. “Eles (os movimentos) se sentem divididos pelo que chamam de banalização do Fórum Social Mundial. E em muitos países, como no Brasil, participaram da mudança política”, completou.

Massiah, que também é do CI, recordou alguns avanços nos últimos fóruns, quando se definiu uma proposta de transição. “Estão sendo construídos novos conceitos. E pela primeira vez são elaborados pelo conjunto dos movimentos sociais do mundo. Isso permite redefinir a questão da propriedade privada, do bem viver, dos serviços públicos”, destacou. Ao final, recordou a função do FSM: “É o espaço que temos para refletir uma estratégia mundial” em contraponto ao capital. Leia mais em http://twixar.me/l7w, http://twixar.me/g7w, http://twixar.me/97w, http://twixar.me/T6g, http://twixar.me/57w.



Por Deborah Moreira


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