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OPINIÃO - Ruim com ele, pior sem ele

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 Francisco Christovam

     Em outubro de 1997, com base na Lei Municipal nº 12.490, foi instituído no município de São Paulo o Programa de Restrição ao Trânsito de Veículos Automotores, cujo principal objetivo era, e continua sendo, retirar das ruas e avenidas do centro expandido, nos dias úteis e nos horários de pico, 20% do volume de veículos.
     Apesar de bastante criticada e, nos últimos tempos, bem menos eficiente do que já foi no passado, essa medida ainda garante uma certa condição de fluidez ao saturado e conturbado trânsito da cidade. Isso ficou perfeitamente claro quando o rodízio de veículos foi suspenso, em um mês de férias escolares, por conta de uma possível redução do número de carros que saem às ruas para o transporte de estudantes.
     O resultado foi bem pior do que se esperava. Os paulistanos enfrentaram os maiores congestionamentos já vistos e chegou-se à conclusão de que o sistema viário de São Paulo não comporta a quantidade de veículos que deseja utilizá-lo. Infelizmente, a cidade não vive mais sem essa medida operacional e, em breve, terá que adotar outras ações restritivas para poder gerenciar a necessidade de deslocamento de sua população.
     O número de veículos registrados na cidade é de quase 6 milhões e, a cada dia, cerca de 600 novos carros são incorporados à frota existente. São muitos carros para pouco espaço e, não bastasse isso, mais de 800 precisam ser, diariamente, removidos das vias públicas pelos mais variados problemas de manutenção ou até por falta de combustível.
     Na cidade de São Paulo são realizadas, diariamente, mais de 15,5 milhões de viagens motorizadas, das quais cerca de 53% são feitas no modo individual. Isso mostra o quanto é preciso investir em transporte coletivo – metrô, trem e ônibus – para alterar, de maneira gradativa, uma divisão modal que torna a movimentação do paulistano tão complexa e onerosa.
     Entre as propostas mais estudadas para aumentar a capacidade do sistema viário cabe destacar a implantação do pedágio urbano, a proibição de estacionamento no sistema viário principal ou, pelo menos, em vias por onde circulam os ônibus e o aumento do percentual de veículos que deve ser incluído na operação rodízio, nos dias úteis e nos horários de pico.
     Apesar dos incontestáveis ganhos de eficiência previstos para o sistema viário, sem a construção de grandes obras e com a adoção de medidas operacionais, as críticas não são poucas. Quanto ao pedágio urbano, há quem o considere discriminatório e elitista. Proibir estacionamento em vias de grande circulação é medida rejeitada pelos comerciantes instalados nas áreas atingidas e ampliar a abrangência do rodízio pode até levar as famílias à aquisição de um carro adicional.


Francisco Christovam é diretor da FChristovam Engenheiros Associados. Foi presidente da CMTC/SPTrans


 
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