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Opinião - É o momento de mais Dumonts e Montenegros

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Allen Habert

A multidão em Paris, em torno da Torre Eiffel, explodiu em entusiasmo. Um dirigível mágico a contornava. Era 1901. O vencedor do concurso, de fazer o homem voar e sonhar, era mesmo Santos Dumont. O dirigível contornou a Torre em 30 minutos. Depois disso, em 1906, o impacto e a magia do 14-Bis estimularam centenas de malucos solitários a inventarem o avião em muitos países. O século XX, de ilusões e desilusões, decolava pelas mãos e inteligência de nosso Petitsantôs, fazendo o mundo encolher. Só se falava nesse brasileiro, que fazia seu aprendizado na profissão de pássaro, em todas as rodas dos salões chiques pelo mundo.

Mineiro, teve um pai engenheiro de obras públicas, um dos maiores plantadores de café do Estado de São Paulo na época, que o enviou a estudar no velho continente. Tornou-se um engenheiro de mão cheia, um designer, um arquiteto, um homem de moda, um ambientalista, um visionário. Acima de tudo, um inovador. Obstinado, indicou mais tarde a necessidade de se construir uma fábrica de aviões entre São Paulo e Rio de Janeiro. O brigadeiro Casimiro Montenegro, cearense, personagem ímpar e genial, entende a senha lançada e na década de 1940 cria as bases do CTA (Centro Técnico Aeroespacial), do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) nasce em 1968, em São José dos Campos. Educação, pesquisa e empreen­dedorismo, o tripé chave para levar nosso país ao seu destino de grandeza na conquista de uma sociedade do conhecimento.

Os jovens e os profissionais da área tecnológica devem conhecer a fundo a trajetória desses dois brasileiros. É uma pista para ganhar a batalha da inovação, de projetos de engenharia assinados e da autoestima de um povo.

Chamo a atenção de quatro iniciativas em curso que devem ter mais apoio e atenção da sociedade, pois delas surgirão os novos guerreiros da inovação:
• O Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), que forma engenheiros de inovação e desenvolve a educação continuada do SEESP;
• A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), que estimula estudantes secundaristas na pesquisa e inovação nas escolas públicas e privadas;
• O Programa Ciências Sem Fronteiras, que já enviou 101 mil universitários para 39 países;
• As Olimpíadas das áreas de exatas e biológicas que motivam milhões de estudantes.
Dumont e Montenegro, engarrafadores de nuvens, inconformados e intransigentes, nos inspiram nos desafios do século XXI, pois precisamos de uma imaginação institucional para construir um Brasil que dê conta de sua missão civilizatória da esperança desprotegida de ilusões.

 


Allen Habert é engenheiro de produção e foi presidente do SEESP.É atualmente diretor de articulação nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) e desse sindicato

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