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PARCERIA - Engenharia em dois idiomas

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       Em 29 de outubro último, ocorreu na sede do SEESP, na Capital paulista, o Dia da Engenharia Alemã. Promovido pela VDI (Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha), entidade com que o sindicato firmou convênio de cooperação para intercâmbio de conhecimento e realização de uma série de atividades conjuntas, o evento incluiu seminário e exposição de empresas multinacionais alemãs. Reuniu aproximadamente 250 participantes.
        “Alemanha: uma parceira para o Brasil” foi o tema da palestra inaugural, ministrada pelo cônsul-geral da República Federal da Alemanha, Heinz Peter Behr. Segundo ele, ambos países, as duas maiores economias dos seus continentes, são “parceiros naturais”. Nutrem colaboração estratégica em áreas bilaterais e multilaterais. Com três câmaras de comércio e indústria com a bandeira do país europeu – sendo a Brasil-Alemanha a maior em todo o globo –, o território nacional reúne “a maior presença econômica de empresas alemãs no mundo inteiro”. E todo ano acontece encontro nessa área entre investidores dos dois países. Em 2010, será em Munique.
        A crise financeira global atingiu os europeus em cheio, mas o cônsul-geral garantiu que não alterou o plano governamental de tornar a Alemanha a república da educação e pesquisa – a qual não se restringe à academia, mas acontece também nas empresas. Bertram Heinze, do Centro Alemão de Inovação e Ciência, salientou que foram investidos cerca de C 60 bilhões em pesquisas no ano de 2008 – em torno de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto) alemão. As indústrias, inclusive de médio e pequeno porte, tiveram papel importante nessa composição, muito embora o principal fomentador seja o Estado. Modelo a ser seguido pelo Brasil, esse relacionamento universidade-empresa consta do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado pela FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) em 2006 e que vem sendo atualizado.
       Ciência e tecnologia também estão entre as prioridades do país central. Entre as três nações mais inovadoras do mundo, ao lado de Estados Unidos e Japão, conforme Behr, é a número um em patentes requeridas na Europa. “Os primeiros scanner, cartão com chip, tela de cristal líquido, microscópio eletrônico, MP3, bicicleta, lâmpada, telefone, geladeira, TV, turbina a jato vieram do país”, listou. O desenvolvimento da tecnologia “fuel flex” também teve a mão alemã, através da Volkswagen do Brasil e Bosch. Essa história de sucesso foi contada por Fabio Ferreira, dessa última empresa, que acrescentou: “A engenharia brasileira foi decisiva para a vitalização do flex no País e no mundo, pois só entendendo a realidade local é possível um bom desenvolvimento.”
       Diante dessas credenciais, o cônsul-geral aponta diversos campos em que os dois países podem incrementar sua parceria, em prol da sustentabilidade. Entre eles, em energia, clima, água, tecnologia de transporte e processos com baixo impacto ambiental. “A VDI e o SEESP são pilares importantes à inovação e a esse intercâmbio tecnológico”, concluiu.
       Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, Weber Porto ratifica que a troca entre esses parceiros é de enorme importância. “Atualmente há mais de 1.200 companhias de origem alemã no Brasil, sendo 800 sediadas no Estado de São Paulo. É a maior concentração no mundo, responsável por 10% do PIB nacional.” Ainda de acordo com ele, tais empresas geram 250 mil empregos e o trabalho de engenharia junto a essas multinacionais consta da balança comercial brasileira. “Nas suas exportações, aumentaram os produtos de alto valor agregado.”
       Com uma parceria histórica retratada no legado deixado pela engenharia desde o século XIX – que inclui estradas de ferro, centros de telefonia e outros –, Porto vislumbra ainda mais oportunidades de cooperação ao desenvolvimento do Brasil, dadas as demandas em infraestrutura com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a exploração de petróleo e gás com o pré-sal, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

 Fazer a mala
       Essa colaboração não se limita à atuação de empresas multinacionais em território nacional, vai além: conforme o presidente da Câmara, anualmente cerca de 2 mil engenheiros brasileiros são enviados para treinamento na Alemanha.
       Para garantir uma vaga em uma escola de excelência no mundo, como a Universidade Técnica de Munique, é preciso, contudo, se preparar bem. Quem ensina é o vice-presidente da Grob do Brasil, Christian Müller, um dos que seguiram essa direção. Além de apresentar um pouco desse universo durante o evento e elucidar os desafios e oportunidades a quem fizer essa opção, ele explicou: para estudar na Alemanha, normalmente faz-se Abitur (exame que permite o ingresso em instituições de ensino superior no país) ou um ano preparatório. “Noventa e cinco por cento dos brasileiros seguem esse caminho, que não é necessário para pós-graduação e doutorado.” Alemão fluente obviamente é essencial. Müller sugere ainda a aquisição de um livro de mão para estudantes internacionais, que traz dicas importantes. Vale destacar que a Alemanha incentiva esse intercâmbio, subsidiando parte dos estudos e mesmo moradia. E pode-se conseguir trabalhos por C 10 a hora, o que possibilitaria a sobrevivência durante os cinco anos em média para o término do curso (já incluindo mestrado). “O gasto médio seria de C 1.000 por mês, e a bolsa dada pelo governo, em torno de C 350.” Ao se formar, o engenheiro terá o diferencial da língua, de conhecer outra cultura e ainda a possibilidade de atuar numa empresa alemã. Com Müller, foi assim. Contratado pela Grob ainda no país europeu, viveu lá por 13 anos. Depois, foi transferido para a filial no Brasil, onde permanece até os dias atuais.


Soraya Misleh

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