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27/01/2010

FSM 10 anos depois

Uma série de avaliações sobre os avanços, as vitórias, as fragilidades e as tendências criadas nos dez anos de existência do Fórum Social Mundial abriu a edição 2010

      Participantes históricos do FSM, como Chico Whitaker e Oded Grajew, defenderam o caráter de aglutinador de idéias, atores e propostas do FSM. Para eles, o Fórum tem como objetivo oferecer um espaço de construção de alianças, uma vez que o movimento altermundialista se fortalece através da convergência das diversidades e da criação de parcerias.
       Neste sentido, defendeu Grajew, o FSM não pode impor prioridades nem estipular bandeiras aos participantes do Processo Fórum, uma vez que sua principal característica é não obrigar nenhum ator/participante a abrir mão de suas prioridades. Por outro lado, incentiva a adoção de novas culturas civilizatórias, e propaga as idéias de responsabilidade individual e coletiva no cotidiano e nas ações em campos como meio ambiente, relações de trabalho, consumo, etc.
       Antes do FSM, porém, movimentos e organizações da sociedade civil já haviam iniciado processos de articulação antiglobalização neoliberal em espaços como Chiapas, com o movimento zapatista, e Seattle, propondo novas formas de intervenção política no mundo, ponderou João Pedro Stedile. Estes movimentos foram maximizados pelo FSM, cujo grande mérito foi derrotar a idéia de que o neoliberalismo seria o único futuro possivel para o Planeta. Ou seja, o FSM derrotou o neoliberalismo como ideologia.
       Por outro lado, Stedile vê como problemática a falta de avanços e programas propositivos gestados no FSM, bem como a incapacidade de aglutinar mobilizações de massa e de se opor ao avanço do imperialismo (em especial o estadunidense e suas incursões bélicas). Apesar da propagação de suas idéias, o FSM não influenciou ou impediu a volta de forças de direita na Europa – ou até em seu próprio berço, a cidade de Porto Alegre e o estado do Rio Grande do Sul -, e com a Crise Global, o capital acabou buscando o fortalecimento dos Estados como âncora de seus interesses, ao contrário do papel que exigem as organizações sociais, de gestão de políticas públicas.
      Fazendo uma analogia com o futebol, Stedile avaliou que o FSM é o “vestiário ou a concentração”, mas que o jogo político é decidido em campo. Neste sentido, o Fórum deve ser um espaço onde se definem as táticas a serem adotadas no jogo, tese defendida também por João Felicio. Para Felício, o FSM tem que dar um passo a frente no que se refere a ações concretas.
       De qualquer forma, o FSM provou que outro mundo é possível quando criou a enorme convergência das diferenças e das diversidades, acredita Lilian Celiberti. Em que pese que, diante do inusitado, as diversidades chegaram a ser consideradas um “freio” ao desenvolvimento de novos processos sociais globais por conta de sua enorme complexidade, foi a diversidade que acabou impulsionando a idéia de outro mundo possivel. A falta de cultura política do diálogo foi substituída pela política da intercomunicação, e os atores do FSM foram constantemente desafiados a encarar seus próprios limites de compreenção e tolerância.
      Neste sentido, também o debate com partidos políticos acabou sendo aceito como importante, uma vez que é preciso influenciar as políticas publicas. Agora, avalia Celiberti, o grande desafio do FSM é colocar no debate político de nossas sociedades as idéias e ações que somos capazes de criar e implementar.
      E esta construção terá que se dar por meio do aumento do volume e da força das interconexões mundiais, possibilitadas pela primeira vez prelo FSM, afirma Raffaella Bolini. O FSM não é um mero espaço, mas a maior rede de cidadania democrática do mundo.

 

 

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