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23/07/2024

Engenharia Têxtil: da segurança no trabalho à sustentabilidade

Jéssica Silva / Comunicação SEESP

 

Com 373 profissionais em todo País, de acordo com registro do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), a Engenharia Têxtil tem papel essencial quando o assunto é inovação e preservação ambiental em um grande setor econômico, que é também um dos mais poluentes do mundo. “As empresas estão cada vez mais focadas em práticas sustentáveis, como o uso de fibras recicladas e processos de produção ecoeficientes”, atesta Yara Montans.

 

Há 13 anos na área, a engenheira formada pelo Centro Universitário FEI especializou-se em Engenharia de Produção Enxuta (Lean Manufacturing) pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná, e atualmente atua em uma multinacional líder em lavanderia industrial com fornecimento de uniformes e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

 

Em entrevista ao SEESP, ela conta sobre a profissão, que tem complexidade e amplitude desafiadoras, conforme expressa. E dá dica aos profissionais que desejam ingressar no mercado: “os engenheiros têxteis devem estar preparados para adaptarem-se rapidamente às mudanças, incorporando novas tecnologias, desenvolvendo materiais inovadores e respondendo às demandas emergentes dos consumidores.”

 

 

Engenheira Têxtil Yara MontansA engenheira têxtil Yara Montans. Foto: acervo pessoal

 

 

O que faz um engenheiro têxtil?

Esse profissional desempenha um papel fundamental na indústria ao projetar, desenvolver e aprimorar processos e produtos. Suas áreas de atuação abrangem o desenvolvimento de tecidos e materiais inovadores, otimização dos processos de fabricação para aumentar eficiência e qualidade, pesquisa de novas tecnologias e fibras para melhorar o desempenho dos produtos. Além disso, é responsável pelo controle de qualidade através de testes laboratoriais, gestão completa de projetos, desde a concepção até a implementação, e práticas sustentáveis na indústria. Oferece também consultoria técnica, resolvendo desafios e propondo soluções avançadas para diversas necessidades do setor têxtil.

 

O que a motivou a ingressar nessa profissão?

Quando me formei [no ensino médio], estava em dúvida sobre qual caminho seguir, mas tinha certeza de que queria algo na área de exatas. Na FEI, onde me graduei, tive a oportunidade de iniciar com um ano de curso de engenharia geral e, posteriormente, escolher minha especialização. Durante esse período, fiz monitoria no laboratório de qualidade têxtil e fiquei fascinada com a complexidade e amplitude dos processos têxteis, que são muito mais desafiadores do que muitas pessoas imaginam. Após minha experiência como monitora no segundo ano, decidi me especializar em Engenharia Têxtil. Durante meus estágios, trabalhei na área administrativa de uma empresa de jeans e brim. Logo após a graduação, fui selecionada para um programa de trainee em Jaraguá do Sul (SC), em uma empresa de moda que realiza todas as etapas do processo, desde a compra do fio até a peça final. Essa oportunidade foi incrível, pois pude atuar em todos os aspectos da indústria têxtil, o que foi extremamente gratificante. Meu primeiro desafio foi reformular o laboratório físico, adquirindo novos equipamentos, estabelecendo padrões e treinando os laboratoristas. Além disso, assumi a responsabilidade pelo desenvolvimento industrial, gerenciando o processo e acompanhando o progresso em todas as áreas. Formulei fichas técnicas detalhadas para cada etapa do processo, garantindo precisão e eficiência nas operações. Eu também realizava testes físicos e químicos necessários para aprovação ou reprovação, comunicando os resultados à estilista responsável.

 

Depois, trabalhei em uma empresa de vestuário esportivo, onde era responsável pela garantia da qualidade. As confecções eram terceirizadas, e eu realizava auditorias para verificar a qualidade das peças e garantir a conformidade dos processos. Semanalmente, enviava relatórios para a matriz no Japão com os indicadores de qualidade.

 

Como é o atualmente seu trabalho?

Atualmente, meu trabalho está focado no desenvolvimento de uniformes e EPIs, envolvendo pesquisa de novos tecidos, estabelecimento de novos fornecedores e garantia de atendimento às necessidades dos clientes. Também sou responsável pela obtenção da Certificação de Aprovação, que é essencial para garantir a conformidade dos produtos com as normas técnicas e de segurança estabelecidas, evidenciando o compromisso do setor em fornecer EPIs de alta qualidade.

 

Também assumi a responsabilidade pela reformulação do estoque de tecidos, realizando o planejamento de estoque e determinando as quantidades ideais para cada produto, levando em consideração a demanda e sazonalidade. Além disso, coordenei o controle de entradas e saídas, garantindo que os registros sejam precisos e atualizados. Isso envolve o recebimento de mercadorias, controle de qualidade, organização do armazenamento e gestão de fornecedores, negociando prazos de entrega adequados. Utilizei métodos estatísticos para analisar a demanda futura e ajustar os níveis de estoque conforme necessário, além de gerenciar a equipe envolvida nessas atividades.

 

De qual projeto de destaque já participou?

Foi a implementação do laboratório físico em Jaraguá do Sul. Este projeto foi uma experiência crucial de aprendizado que carrego comigo até hoje, abrangendo a análise e verificação de novos equipamentos, além do treinamento e padronização dos processos. O maior desafio foi começar do zero e buscar novos mercados e fornecedores, compreendendo a importância crítica da seleção e avaliação rigorosa para garantir a qualidade contínua dos produtos. Foi necessário colaborar intensamente com equipes multidisciplinares, como compras, qualidade e produção, para alinhar expectativas e implementar mudanças eficazes. Ao longo do processo, aprendi profundamente sobre a importância da comunicação clara e da gestão de mudanças, pois tivemos que ajustar procedimentos existentes e capacitar a equipe para garantir a conformidade com os novos padrões. A análise de dados e a aplicação de metodologias de gestão de qualidade foram fundamentais para o sucesso do projeto. No final, o projeto não apenas melhorou significativamente a qualidade dos tecidos antes de serem encaminhados para o estoque, evitando problemas futuros e reclamações, mas também fortaleceu nossa capacidade de inovação e excelência operacional.

 

Em que aspecto sua profissão contribui à melhoria da vida nas cidades?

A Engenharia Têxtil desempenha um papel fundamental no avanço urbano ao liderar o desenvolvimento de tecidos inteligentes, promover práticas sustentáveis, desenvolver uniformes e EPIs para trabalhadores urbanos, contribuir com inovações em transporte e infraestrutura, e gerenciar a reciclagem de resíduos, promovendo a sustentabilidade ambiental e o bem-estar dos cidadãos.

 

Qual sua visão sobre o mercado de trabalho de trabalho atual?

O mercado para engenheiros têxteis passou por uma transformação significativa devido à entrada do mercado chinês no Brasil, resultando no fechamento de muitas fábricas tradicionais de fiação e tecelagem. No entanto, essa mudança gerou uma crescente demanda na área de desenvolvimento e inovação, impulsionada por avanços tecnológicos e pela necessidade de produtos mais sustentáveis, funcionais e de alto desempenho. As empresas estão cada vez mais focadas em práticas sustentáveis, como o uso de fibras recicladas e processos de produção ecoeficientes; há ainda a digitalização e automação de processos na indústria.

 

Qual dica daria aos engenheiros que estão ingressando no mercado?

Os engenheiros têxteis devem estar preparados para adaptarem-se rapidamente às mudanças do mercado, incorporando novas tecnologias, desenvolvendo materiais inovadores e respondendo às demandas emergentes dos consumidores. Em suma, o mercado oferece oportunidades significativas para profissionais que buscam inovar, aprender continuamente e contribuir para a sustentabilidade e a eficiência da indústria têxtil global.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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