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30/05/2018

Engenharia debate crise logística e matriz de transporte

Deborah Moreira
Comunicação SEESP


Em meio ainda às notícias desencontradas sobre a paralisação dos caminhoneiros e ao anúncio feito pelo governo federal da redução de R$ 0,46 centavos no preço do diesel, o SEESP convocou, para a tarde de terça-feira (29/5), na sede do sindicato, na capital paulista, diretores da entidade e especialistas em transporte, mobilidade e logística para uma mesa-redonda sobre a matriz nacional de transportes, majoritariamente apoiada sobre o modal rodoviário.

Na avaliação dos técnicos que participaram da discussão, é preciso diversificar e investir principalmente no transporte sobre trilhos. Para eles, há ausência, de maneira geral no sistema de transporte, de projeto funcional, projeto base e modelagem econômico-financeira, que é atribuição do profissional da engenharia.

 


Fotos: Beatriz Arruda/Comunicação SEESP

mesa redonda para seesp 1



“É fundamental que façamos a discussão, elaboração de propostas e que nos manifestemos publicamente. A sociedade espera isso de nós, profissionais da engenharia. Aproveitando o momento e apontando as nossas falhas, as do País”, exclamou Murilo Pinheiro, presidente do SEESP e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), durante o encontro.

Todos os presentes acordaram com a proposta de elaborar e divulgar um documento com um diagnóstico do setor e apontando soluções. “Fazer um movimento que só leve a mais críticas não faz sentido. Devemos apontar o que é bom para a engenharia e para o Brasil. Sem propostas factíveis não tem resultado. Todos nós da área tecnológica temos que nos debruçar sobre isso. Não podemos nos calar”, completou Murilo.

 

 

mesa redonda para seesp 2

 

 

Entre as propostas apontadas todas convergem ao modal sobre trilhos, abandonado há décadas. Um exemplo é a Ferrovia Norte-Sul, com 850 quilômetros, ligando Anápolis (GO) a Palmas (TO), inaugurada mas parada há quatro anos por falta de concessão operacional. “A questão é técnica mas também é política, não política partidária. É política pública. A sociedade quer ouvir o interesse prevalente da coletividade, e não das empresas”, declarou José Manoel, presidente da FerroFrente.

José Geraldo Baião, da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (Aeamesp), lembrou como está dividida hoje a matriz de transporte no Brasil e falou do papel da engenharia em cada uma delas: 61% do transporte de cargas é feita pelo modo rodoviário, 20% pelo ferroviário, 14% pelo aquaviário, 4% pelo dutoviário e 1% na aviação. 
“Há décadas estamos com essa distribuição, variando muito pouco entre um e outro. Por decisões políticas adotadas no século passado, que também incentivaram a produção de automóveis. Acabamos reduzindo drasticamente a nossa participação no modal ferroviário e praticamente zeramos o transporte de passageiro por trens. Quando se fala em transporte ferroviário, é possível enxergar a participação intensa da engenharia nos projetos e planejamento. Agora, o rodoviário não. Aliás, os veículos já vêm pronto das matrizes em outros países”, comentou.

Para ele, o transporte de minério de ferro e grãos, por exemplo, deveria ser feito por trem,  não como é hoje por estradas sem pavimentação adequada: “Temos que equilibrar melhor essa matriz, o transporte rodoviário é complementar. Mas não dá para apoiar tudo nesse modal.”

Peter Alouche, mestre em Sistemas de Potência pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), que atuou por 35 anos no Metrô de São Paulo e atualmente é consultor independente, lembrou que também falta projetos nesse setor: “O Metrô é o único sistema que funcionou muito bem. Mas não está preocupado com seu acervo tecnológico. Outra coisa são os projetos sem estudos de alternativas.”
   

Propostas
Entre as ideias compartilhadas durante o encontro, está adoção de novos e modernos equipamentos como os short lines, trens menores. “Mas se não tivermos o direito de passagem garantido, não vamos ter essa opçao. Temos que discutir concessão ferroviária, o modelo atual é monopolista, é vertical, não permite ter operadoras independentes”, lembrou Gonçalves. 

Edison Luis Velasques, da Aemesp, com larga experiência em refinarias e caldeiraria, expôs sua indignação com a situação da engenharia desde os cursos de formação superior até as refinarias brasileiras: “A última refinaria que foi feita no Brasil foi em 1976, a Revap, Vale do Paraíba. Temos 16 refinarias. Nas faculdades de engenharia não existe mais o curso de química, foi extinto. E engenheiro metalúrgico, então, nem se fale.”

 

O diretor do SEESP, Nestor Tupinambá, que organizou a mesa-redonda, lembrou que a dolarização da economia no Brasil tem sido extremamente danosa. “Segundo a agencia Moodys, somos uma das dez economias com a moeda mais fraca do mundo. Em dezembro, devido a um inverno rigoroso no hemisfério Norte, que fez o gás ter 16% de aumento, causou alta aqui também, mesmo num calor de 30 e poucos graus. Isso fez com que mais de 1 milhão e 200 mil famílias abandonassem o botijão de gás e adotassem o fogão a lenha”, lamentou.

Participantes

Também participaram do encontro Marcellie Dessimoni, Jessica Trindade e Luiz Roberto de Oliveira, representantes do Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP, Emiliano Affonso, da Aeamesp;  Plínio Assmam, consultor;  João Paulo de Lacerda, engenheiro aposentado do Metrô; Odécio Braga, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) e Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas (ABEE-SP); Sadalla Domingos, consultor; Ailton Azevedo, assessor do deputado Zico Prado; João Carlos Bibbo, Celso Atienza, Augusto Cesar Correia e Gley Rosa, dirigentes do SEESP.





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