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21/03/2017

Opinião - Quatro características, duas constatações

João Guilherme Vargas Neto*

Quatro características marcam as manifestações do dia 15 de março; elas definem o quadro e apontam perspectivas de luta futura.

A primeira delas é que a jornada contou com manifestações fortes, cujo potencial não pôde ser ocultado ou tergiversado pela cobertura (que, em geral, foi correta, apesar da pauta original ranheta). O dia 15 confirmou a força de resistência dos movimentos sindical e populares, com o mote “nenhum direito a menos”.

A segunda característica é a unidade nos atos, apesar da diversidade. Embora tenham contemplado também manifestações de caráter político-partidário (o que não é, em si, um defeito), o eixo foi a repulsa às reformas previdenciária e trabalhista e à terceirização. Todos os setores do movimento sindical engajaram-se e participaram, com ritmos, formas e preocupações diferentes, mas que se somavam no resultado final.

A terceira, que tem um peso significativo em um País continental e diversificado como o Brasil, é o alcance nacional da jornada. As coberturas se esfalfavam para correr o Brasil todo, capitais e cidades do interior. Nenhum dos levantamentos apresentados deu conta da massa nacional completa das mobilizações. Todo o País manifestou-se.

E a quarta, a meu ver a mais importante, é o caráter esclarecedor da jornada. Milhões de brasileiros foram apresentados durante as manifestações (porque participaram, porque aderiram, porque aplaudiram ou porque vivenciaram) ao esbulho que as reformas pretendidas lhes imporão. A ficha caiu, e o gigante acordou.

Duas constatações emergem. A primeira é de que, assim como o encontro das águas em Manaus faz correrem em paralelo os rios Solimões e Negro, na realidade brasileira correm paralelas (coisa que ficou muito visível no dia 15) as águas revoltas dos partidos, dos parlamentares, dos governantes e da mídia, preocupados com a “Lista de Janot”, e as águas da população brasileira, preocupada com as reformas e contra elas. Uma das duas correntes vai predominar sobre a outra. Como perguntam os russos: quem engolirá quem?

A segunda constatação é de que a possibilidade de derrota das reformas, que era abstrata, tornou-se concreta, ainda que difícil e dependendo de mais unidade, mais esclarecimento e mais mobilização do povo trabalhador, das direções sindicais e da oposição e de mais divisão, mais confusão e mais desorientação nos mercados e nos governantes.

 

João Guilherme Vargas Neto é analista político e consultor sindical

 

 

 

 

 

 

 

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