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31/01/2017

Big Data: transformando dados em valiosas informações para o transporte público


Recentemente, no início de dezembro, tive o prazer de ministrar palestra sobre gestão do transporte público durante o seminário Warehouse Verdadeiro tesouro de dados do sistema de operações do transporte público, realizado pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP), em São Paulo. Representantes das áreas pública, privada e acadêmica colocaram em pauta o uso de amplos conjuntos de dados armazenados (Big Data) no planejamento, controle e operação do sistema.

Apresentei projeto piloto que estamos desenvolvendo em Campinas, inédito no País, em exitosa parceria com Sebastião Amorim, da empresa Tecnométrica. Assumimos o desafio de desenvolver nova ferramenta, que possibilite maior eficiência no gerenciamento do sistema de transporte público coletivo do município, utilizando os dados do Sistema de Bilhetagem Eletrônica.

Antes de detalhar o novo projeto, vanguardista, cabem alguns esclarecimentos. O contato inicial com o professor Amorim ocorreu por meio de parceria que a Secretaria de Transportes / Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) realizou com o WBCSD (World Business Council for Sustainable Development, Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável), na construção de uma Mobilidade Urbana Sustentável para o município.

O WBCSD é uma organização internacional que desenvolve o Projeto de Mobilidade Sustentável 2.0 (SMP 2.0). Apenas seis cidades do mundo participam do projeto. Campinas é a única das Américas, junto com Lisboa (Portugal), Hamburgo (Alemanha), Chengdu (China), Bangcoc (Tailândia) e Indore (Índia). Com base na análise de 22 indicadores, foi uma resposta de planejamento para os problemas de Mobilidade Urbana da cidade. O estudo teve o principal objetivo de pensar as formas de deslocamento no município, num horizonte de 10 anos, coincidindo com o Plano Diretor. A associação com o WBCSD possibilitou a aproximação com o professor Amorim e o início do desenvolvimento desse novo trabalho.

Aqui também é bom destacar uma frase do professor Amorim: Dado não é informação. Dado é apenas a matéria bruta da qual a informação pode ser extraída . Compreendendo o conceito, iniciamos nosso projeto.

Campinas tem 1,2 milhão de habitantes, 1.071 ônibus ativos nos horários de pico, 204 linhas municipais, 650 mil validações do Bilhete Único por dia. Por ano, são 186 milhões de validações. O Bilhete Único proporciona a integração no sistema por um período de 2h, todos os dias da semana. Os cartões são emitidos por tipo de usuário (Comum, Vale Transporte, Escolar, Universitário, Idoso e Gratuito).

Com a bilhetagem temos dados como dia, mês, ano, hora, minuto e segundo do uso de cada cartão. Latitude e longitude. Tipo do cartão utilizado, linha, sentido do uso (Centro bairro), identificação do ônibus, entre outros. São 30 megabytes de dados produzidos por dia; 15 gigabytes por ano.

Então surge o desafio: como transformar esses dados em informação? E mais, informação que possibilite o melhor planejamento e gerenciamento do sistema de transporte, com a exclusiva finalidade de oferecer mais qualidade, conforto, rapidez e segurança ao usuário de ônibus.

O desafio de transformar o dado em informação ficou a cargo do professor Amorim. Utilizando uma excelente combinação de muita estatística, hardware e criatividade foi desenvolvido um aplicativo especialmente com a finalidade de transformar os dados da bilhetagem em informação clarificada e introduzir novos conceitos na gestão do transporte público.

Os dados devidamente processados são transformados em informações, como total de embarques por dia, quilometragem rodada por cada veículo, média de embarques por faixa horária, média de assentos por hora, média de vagas por hora (assentos somado ao espaço em pé), idade média da frota circulante no dia, embarques por ciclo, número de ciclos realizados, tipos de cartão utilizados, porcentagem por cada tipo de cartão, passagens pagas em dinheiro, total de passagens pelo validador do cartão, região / localidade com maior embarque, entre outras.

O meio ambiente também é lembrado. Temos informações sobre o consumo de diesel, emissão de CO², quilometragem rodada pela frota, por dia.
Também é possível calcular consumo de diesel por passageiro e emissão de CO² por passageiro.

Evidente que com toda essa fonte de informações temos mais mecanismos para gerenciar, com olhar mais apurado e atento, o sistema de transporte público coletivo do município. A nova ferramenta está em fase de desenvolvimento, com possibilidade de inserções de novas funcionalidades. Os técnicos da Emdec que atuam no nosso Núcleo de Monitoramento de Transportes (NUMT) indicam as necessidades.

Exitosamente, o resultado inicial já demonstra o grande protagonismo que Campinas tem no cenário nacional e, até, internacional, na busca e descoberta de novas tecnologias e ferramentas de gestão. O aplicativo irá contribuir para melhor planejamento e, consequentemente, qualidade do sistema de transporte público coletivo de Campinas.

Futuramente, os usuários de ônibus poderão ter, na palma da mão, informações mais completas do sistema. Sinônimo de Transparência na Gestão Pública. E a ferramenta poderá ser utilizada por outros municípios que buscam o melhor planejamento e gerenciamento do transporte público.


* Carlos José Barreiro - Engenheiro Elétrico, Consultor de gestão empresarial, Secretário Municipal de Transportes e Diretor Presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec). Contato: presidêEste endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

 

 

 

 

 

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