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26/09/2016

Opinião - Pulso firme, tato delicado

O movimento sindical no mundo inteiro e em toda a sua história tem uma característica: nos anos de vacas gordas subestima o trabalho de mobilização e de formação, privilegiando o gozo das vantagens adquiridas e acumulando força pela inércia positiva da situação. Cada destacamento usufrui suas vantagens e tem a ilusão de que “pode tudo”.

Nos anos de vacas magras há, no começo, um desarranjo evidente, com desorientação, desorganização, desistências, capitulações e até mesmo traições. Nestes começos o risco de divisão cresce.

Logo em seguida, em geral depois de uma batalha que pode ser uma campanha salarial ou uma grande greve, abre-se um longo período de resistência que pode ser unitária e efetiva ou atabalhoada e dispersiva. No primeiro caso “a força das coisas” se exerce e o movimento recupera sua capacidade plena de luta; evitar derrotas também é uma vitória. No caso contrário, “a fraqueza dos homens” agrava a situação e posterga a etapa de recuperação de forças; mesmo uma vitória tem gosto amargo.

Com a severa recessão que a economia brasileira atravessa e com a solução contra os trabalhadores da crise política, o movimento sindical brasileiro confrontou-se com essas duas alternativas. Ou bem se dividir e acentuar a derrota, ou bem procurar a unidade para a resistência e recomposição.

O caminho escolhido e trilhado foi, felizmente, o mais correto. Na conturbada conjuntura política e sob severa recessão, o movimento escolheu se unificar em torno de uma pauta de resistência – nenhum direito a menos - e de busca de alternativas.

É preciso que fique bem claro que a conjuntura é de derrota e que a correlação de forças é desfavorável. Mas, exatamente por isso, torna-se cada vez mais necessária a vontade de resistir e a inteligência capaz de perceber por onde recomeçar.

A unidade de ação é a chave; com ela há uma melhor condição de somar todas as experiências (adquiridas durante a fase anterior e em toda a história) e tornar mais potente o movimento. Resistir significa também preparar o rebote e este só pode ter êxito se contar com a adesão efetiva da massa de milhões de trabalhadores e trabalhadoras nos sindicatos e nas manifestações, mas, sobretudo, nos locais de trabalho.

Um dos grandes libertadores da América, Simon Bolívar, exigia para a vitória “pulso firme e tato delicado”. Uma boa lição. 

 

 

* João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical

 

 

 

 

 

 

 

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