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28/01/2016

Agrotóxico interfere na expansão da população de libélulas

O uso de agrotóxicos na cultura da soja interfere na expansão da população de libélulas em áreas agrícolas no leste do Estado de Mato Grosso. A conclusão é feita em pesquisa do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP). O pesquisador Daniel Din Betin Negri comparou o desempenho das larvas dos insetos e de girinos (anfíbios), que vivem em ambientes aquáticos, em regiões agrícolas e em áreas preservadas de cerrado. Entre as libélulas, houve coincidência entre os eventos de aplicação de pesticidas e o aumento das taxas de mortalidade das larvas.

O estudo verificou a hipótese do uso e manejo da terra para a produção intensiva de soja resultarem numa redução significativa no desempenho de organismos aquáticos, de acordo com as indicações de sobrevivência, crescimento ou desenvolvimento. “A área de estudo está situada na região das cabeceiras do Rio Xingu, no leste do Estado de Mato Grosso”, aponta Negri. “Trata-se de uma das mais ativas fronteiras de expansão agrícola do mundo, no chamado ´arco do desmatamento´ da amazônia”.

Segundo o pesquisador, as características ideais para o desenvolvimento das larvas de anfíbios e libélulas podem mudar de acordo com a espécie ou família. “Na pesquisa foi considerado como ambiente de referência uma área de cerrado preservado, uma vez que, as espécies e famílias manipuladas estão amplamente distribuídas no cerrado”, observa. “O ambiente agroindustrial pode interferir de diversas maneiras o desempenho dos organismos aquáticos. Basta dizer que nele ocorre o uso intensivo de insumos (agrotóxicos), uma das principais características da lavoura de soja”.

As larvas de libélulas são muito utilizados para determinar o estado de integridade do ambiente aquático, principalmente devido à sua maior sensibilidade às alterações. “Dentro da cadeia alimentar das poças temporárias, elas são predadoras de topo, que costumam ser os primeiros a serem afetados por processos de impacto ambiental, como a produção agrícola”, afirma Negri. “Isso leva a um efeito cascata sobre a comunidade de seres vivos e a redução da riqueza de espécies, podendo prejudicar processos de controle biológico de pragas, menos dependentes de agrotóxicos”.

Importância dos anfíbios
O desempenho de larvas de libélulas foi significativamente influenciado pelo uso e manejo da terra. “A mortalidade de larvas transplantadas para ambientes de cerrado e de pastagens variou entre 50% e 60%, enquanto as larvas em plantações de soja foram rapidamente erradicadas”, ressalta Negri. “A sincronia entre os eventos de aplicação de pesticidas e os padrões temporais de mortalidade sugere que os pesticidas são o principal vetor de alteração ambiental impedindo a colonização efetiva de campos agrícolas por libélulas”.

O desempenho de girinos da espécie Physalaemus cuvieri também foi significativamente influenciado pelo uso e manejo da terra. “Os anfíbios são particularmente importantes para estudo de impacto ambiental, pois apresentam importância trófica, ao mudarem de posição na cadeia alimentar e passarem de herbívoros aquáticos para predadores terrestres, sensibilidade ambiental e risco de extinção”, afirma o pesquisador. “Porém, as respostas de girinos foram em geral menos fortes e menos consistentes que aquelas observadas para libélulas”, afirma o pesquisador. A pesquisa foi orientada pelo professor Luis Schiesari, do IB.

De acordo com Negri, a única forma de criar um sistema agrícola mais permeável aos organismos é por meio da adoção de práticas menos danosas ao ambiente. “Essas práticas visam um uso mais racional e consciente dos agrotóxicos”, observa, “uma vez que os dados experimentais obtidos no estudo sugerem que os organismos aquáticos são rapidamente erradicados da matriz após aplicação de agrotóxicos”.

Além das mudanças no manejo, imprescindíveis para garantir a qualidade e a permeabilidade da matriz, o pesquisador salienta que também há necessidade da elaboração de um plano de longo prazo, focado na construção de uma paisagem com maior heterogeneidade. “Um ambiente heterogêneo é aquele que tem área para conservação e outra para a produção. Isso pode ser conseguido pelo ‘compartilhamento da terra’, adotando-se práticas agrícolas menos impactantes, ou por meio da ‘economia de terra’, que segrega áreas para conservação”, diz. “Ambas as estratégias permitem a formação de ambientes heterogêneos, mas resta discutir em que grau um ambiente é permeável para o movimento da fauna e a persistência dos organismos.

 

Fonte: Agência USP de Notícias

 

 

 

 

 

 

 

 

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