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Opinião – Pedágio urbano inteligente: o fim do rodízio

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Olimpio Alvares

A recente confusão, ora sobre o fim, ora sobre a ampliação dessa medida extrema de restrição ao automóvel em São Paulo, suscita questões fundamentais. Convém insistir nesse rodízio que não gera um centavo para o transporte público? Mesmo ampliado para três ou mais finais de placa, é possível escapar desse cenário asfixiante: clausura nos carros e ônibus lotados com concentrações de poluentes cancerígenos até dez vezes maiores que os já altos níveis inalados por pedestres? Não demoramos a buscar a saída a esse modelo inviável de imobilidade urbana? Por que não avaliar sem preconceitos o pedágio urbano? A experiência mostra que o melhor promotor dessa medida é seu sucesso. A controvérsia inicial, na verdade, é sempre revertida para aceitação pública após sua consolidação.

O pedágio urbano inteligente (PUI) detecta e identifica eletronicamente o veículo e cobra segundo o tempo de permanência em trechos congestionados. A receita é aplicada na mobilidade sustentável. E as virtudes são singulares. O sistema é democrático, com viés social: ao contrário do rodízio, que privilegia a elite, ele onera com parcimônia o uso abusivo do escasso espaço viário público, tornando-o mais eficiente, limpo e produtivo.

Como Robin Hood, o PUI tira do individual, espaçoso e contaminante e dá mais abrangência e qualidade ao transporte sustentável – mais recatado nas emissões, consumo e uso do espaço viário por passageiro. O pedágio urbano inteligente é flexível, tem tarifas progressivas e diferenciadas por corredor e tipo de veículo, ajustadas pelo valor do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e pelos fatores típicos de emissão e consumo, sem causar grande impacto sobre a população de menor renda, especialmente no início do processo. A progressividade é ajustada ao ritmo da expansão da oferta de transporte público. Leva, portanto, sem causar trauma, alguns anos para produzir os melhores resultados.

Em dez anos de PUI em São Paulo, a receita seria de R$ 30 bilhões – custo de 70km de metrô, 500km de VLT (bondes modernos) ou 1.000km de BRT (corredores de ônibus avançados). Generoso, o pedágio urbano inteligente só incide onde há congestionamento. Em situações de emergência individual, o motorista pode utilizar o carro sem levar multa e perda de quatro pontos na carteira, diferentemente do truculento rodízio – agora também “super-rodízio”.

O PUI pode mitigar convenientemente congestionamentos e a poluição. Mas, para que se torne realidade, autoridades e políticos devem arrefecer o cego apego às urnas e abrir os olhos para procurar a melhor saí­da a essa situação insustentável instalada nas grandes cidades brasileiras.

Leia aqui artigo na íntegra.


Olimpio Alvares
É engenheiro mecânico formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), consultor em meio ambiente e transporte sustentável

Comentários  
# Pedágio Urbano InteligenteErnane Silveira Rosa 10-07-2014 08:58
Acho essa idéia da cobrança do PUI uma idéia brilhante e social. Minha única sugestão para que ele se tornasse perfeito seria o pedágio ser cobrado por tempo de permanência (já previsto) e o valor seria proporcional ao valor do veículo. Porque se ajustar ao valor do veículo? Porque se eu tenho um carro popular R$10,00 para mim é muito. Mas se eu possuo um carro de R$1.000.000,00 os mesmos R$10,00 não é nada e eu vou abusar porque o meu poder econômico é muito maior.
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