Editorial

Resistir é preciso, lembra-nos o 1º de maio

Já se vão mais de 100 anos daquele 1º de maio de 1886 em que centenas de milhares de trabalhadores cruzaram os braços na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, num protesto contra as terríveis condições de trabalho a que eram submetidos. Entre outros pontos, eles pleiteavam redução da jornada e fim do trabalho infantil.

O movimento foi reprimido violentamente pela polícia e quatro dos líderes da greve foram enforcados. Três anos mais tarde, a data tornou-se o Dia Internacional dos Trabalhadores, em homenagem aos “mártires de Chicago”.

No Brasil do século XXI avançou-se, é verdade, mas há muito a se buscar e não é possível arrefecer. Falando das nossas grandes mazelas, ainda enfrentamos a vergonha de conviver com trabalho escravo e infantil. Há também aqueles submetidos a condições perigosas e insalubres de labor e, cada vez mais presentes no mercado, freqüentemente as mulheres ganham menos que os homens exercendo a mesma função. Ou seja, na era da altíssima tecnologia, temos as injustiças a nos atar ao século XIX.

Romper essas amarras e caminhar rumo a um futuro melhor é a nossa missão indiscutível. Os passos para atingir essa meta precisam ser cuidadosamente escolhidos e dados com firmeza. Embora ainda tenham muito por que lutar, hoje os trabalhadores brasileiros correm o risco de perder o que já conquistaram arduamente. O perigo reside basicamente nas anunciadas reformas sindical e trabalhista – dependendo do que se faça, uma pode minar-lhes a capacidade de organização e a outra avançar sobre seus direitos.

A essas ameaças é preciso resistir sem tréguas. O primeiro passo é lutar com todas as forças para impedir a aniquilação do movimento sindical, risco presente na atual proposta de reforma do Governo Federal, que precisa ser alterada. É urgente esclarecer os enganos e demonstrar que as propostas anunciadas, apesar do discurso progressista que as acompanha, significarão não só a continuidade, como o aprofundamento do processo neoliberal.

Para nos lembrar que a luta é permanente e não oferece descanso, chega mais um 1º de maio. Comemoremos com os olhos nas tarefas à nossa espera.

 

Engenheiros pelas Diretas-já – Em 25 de abril último, completaram-se 20 anos da votação da Emenda Dante de Oliveira, que preconizava eleições diretas em 1985. A proposta foi rejeitada, adiando o sonho de um pleito livre para 1989, mas foi um marco da campanha pela redemocratização do País. Para comemorar a data, o jornal Folha de S. Paulo republicou uma foto, feita em 23 de abril de 1984, na qual aparece um grupo de diversas personalidades que se integraram à luta pelas Diretas-já. Entre essas (não identificado por alguma falha de edição), está o então presidente do SEESP, companheiro Antonio Octaviano, que liderou a entidade na luta pela volta da democracia no Brasil.

 

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

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