Dia-a-dia


Engenheiro de estruturas atua do anteprojeto ao pós-obra

Soraya Misleh

Desenvolver, calcular, dimensionar e detalhar um projeto integram o cotidiano do engenheiro de estruturas, também denominado “calculista”. Quem conta é o profissional da área, Augusto Pedreira de Freitas.

Diretor da Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) e sócio-diretor da Pedreira de Freitas Desenvolvimento em Engenharia, ele afirma que sua atuação começa no momento em que o empreendedor pensa em comprar um terreno e construir, por exemplo, um prédio. “Podemos garantir economia no projeto e viabilizar a execução.”

Durante a construção, sua rotina inclui atendimento a obras. Freitas garante que, com a Internet, hoje alguns problemas podem ser resolvidos internamente, sem a necessidade de deslocamento, mediante a análise de uma foto digital enviada por
e-mail pelo engenheiro de obras. Apesar do auxílio da tecnologia, na sua opinião, para minimizar ou eliminar riscos na execução, é fundamental a ida ao empreendimento. “É imprescindível o engenheiro de estruturas estar presente nas primeiras concretagens”, assegura. O atendimento pessoal vale inclusive para clientes em outros estados. E o trabalho desse profissional vai além. “Está dividido em três fases: a conclusão do projeto, o acompanhamento até o término da obra e após sua entrega, para identificar e analisar patologias.

O engenheiro também avalia ocorrências em obras que não projetou. “Fomos chamados para atender um caso cujas patologias prejudicariam o uso da edificação. Havia fissuras e um deslocamento de alvenaria em relação à estrutura muito grande. Como o empreendimento abrigaria uma indústria farmacêutica, teria que ser um ambiente superisolado, sem qualquer possibilidade de contaminação. Fomos convocados a avaliar se a estrutura estava projetada de acordo, se o problema era na execução e quais as necessidades. Analisamos e identificamos todas as patologias. Era um problema de uma laje muito grande que deveria ter sido feita descontinuamente, porque senão dilataria e retrairia muito. Não poderia ter sido executada num dia muito quente nenhuma dessas etapas de concretagem e foi o que aconteceu. Realizaram planos seguidos, em dias quentes, sem cura adequada. Precisamos criar uma junta entre a estrutura e a alvenaria que isolasse o ambiente e arrebentar toda a última fiada do material, na indústria inteira”, conta.

Para Freitas, é fundamental ao engenheiro do segmento ter autocontrole para administrar tensões e espírito empreendedor, uma vez que a maioria atua como autônoma ou acaba abrindo micro e pequenos escritórios de cálculo estrutural.

 

Desenvolvimento profissional
Além disso, atualizar-se é essencial para se manter no mercado. Uma das preocupações desse engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP em 1988, com diversos cursos de especialização, é com relação ao uso por pessoal sem o devido conhecimento técnico de sofisticados softwares. “Teoricamente, eles projetam a estrutura inteira. Mas é preciso ter cuidado ao fornecer o dado de entrada. Esse é o papel do engenheiro. É preciso avaliar as informações geradas. O resultado final não pode ser diferente do que você imaginou.” Segundo ele, se divergir, é necessário rever o processo, concebido de maneira errada. “Tem acontecido muito de estagiário que só aperta botão. Aí, ele vai achar que domina muito bem o software e sabe projetar estrutura. Mas não está preparado para o mercado.” Aos futuros colegas, ele recomenda: “Busquem estágios que permitam o seu desenvolvimento como profissionais o quanto antes e invistam em treinamento e especialização.”

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