Debate
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I Ecovale, que reuniu cerca de 300 participantes nos dias 16, 17 e 18 de
outubro, na cidade de Taubaté, foram debatidos temas fundamentais ao
bem-estar e desenvolvimento da região. Paralelamente, 21 empresas e
instituições expuseram seus produtos e serviços em estandes que foram
visitados também por pessoas não-inscritas no evento. A
iniciativa do Sindicato dos Engenheiros contou com diversos patrocinadores e
teve sua organização a cargo do vice-presidente da entidade, Carlos
Alberto Guimarães Garcez. Considerado
um sucesso, o encontro já tem data marcada para sua segunda edição: 15 a
17 de outubro de 2004. “A idéia de promover essa discussão no Vale do Paraíba surgiu em nossas reuniões regionais. Assim, os nossos dirigentes buscaram a viabilização desse evento, que já entendemos como um sucesso”, afirmou o presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, durante a abertura do Ecovale. Entre outras autoridades, participou da inauguração do encontro a secretária adjunta estadual do Meio Ambiente, Suani Teixeira Coelho. Representando o secretário José Goldemberg, ela salientou que a preocupação do Estado hoje é “conciliar o desenvolvimento com a sustentabilidade”. A estratégia para tanto, disse, é “estreitar a consonância com a sociedade”. O padre Afonso Lobato, deputado estadual pelo PV, lembrou a importância de fiscalização efetiva para fazer cumprir a legislação existente.
Gestão A
seguir, o engenheiro Cesar Augusto Puls, consultor da área, ressaltou a
importância da conscientização efetiva da sociedade e das organizações
sobre a preservação do meio ambiente. Ele focou sua palestra em dois
problemas que considera fundamentais: água e lixo. Sobre esse último,
apresentou dados alarmantes: o Brasil produz 241.614t/dia de resíduos,
sendo que 76% são depositados a céu aberto. Os
benefícios ambientais do gás natural foram o tema da apresentação de
Marcelo Gaspar, da área de Marketing Industrial da Comgás. Embora o
combustível tenha ainda a pequena participação de 4,9% na matriz energética
brasileira, o engenheiro reiterou sua contribuição para reduzir a poluição,
tendo em vista que suas emissões são bastante inferiores às de outros de
origem fóssil, como gasolina e diesel. Escalada
como debatedora para o painel, Vera Assis, da Secretaria de Planejamento e
Meio Ambiente de São José dos Campos, lembrou a preocupação em relação
ao ozônio, gerado pelo uso do gás natural. Ela também abordou a importância
da formação dos gestores ambientais das empresas.
Resíduos
sólidos Para
sua exposição, o engenheiro Jorge Moya Diez, técnico da Cetesb e diretor
do SEESP, escolheu um chocante exemplo de atentado ao ambiente: o caso
Rhodia, em Cubatão. Em 1966, a Clorogil (que seria adquirida pelo grupo de
origem francesa em 1976) iniciou a produção de solventes clorados em Cubatão,
gerando 2,6t/dia de resíduos químicos industriais, que “foram dispostos
clandestinamente e de forma absolutamente irresponsável”. A
irregularidade, informou Moya, prosseguiu até 1979.
A investigação do problema começou a ser feita em 1983 pela
Cetesb, que identificou dez áreas contaminadas, distribuídas por Cubatão,
São Vicente e Itanhaém – no futuro, outras seriam denunciadas pela
população. A partir daí, a empresa foi obrigada a adotar medidas para a
recuperação e remediação do solo. Em contraponto ao exemplo de irresponsabilidade, Tânia Mara Tavares Gazi, presidente da Associação de Engenheiros da Cetesb, falou sobre as empresas que estão optando pela produção mais limpa. Ou seja, aquela que visa “gerar menos resíduos, usar menos matérias-primas e insumos e reduzir a toxicidade”. Além do cuidado com o planeta, garante ela, há vantagens econômicas nessa alternativa. Os casos são diversos e variam em ramos de atividades e níveis de investimento. A Método Engenharia passou a fazer projetos de forma a evitar sobras de pisos e azulejos. A Erimpress Etiquetas substituiu o solvente a base de silicone orgânico por uma base de água. Não precisou investir um centavo e como resultado teve 17% de economia com matéria-prima, eliminação das emissões odoríferas e de riscos de armazenamento de mil litros por mês de solventes, além de se ver livre de problemas com a vizinhança e o órgão ambiental e garantir melhoria na qualidade do produto. Para que seja incentivado esse padrão de produção, o diretor executivo da Brasil Ambiente, Sabetai Calderoni, propôs a criação de uma “Lei de Responsabilidade Ambiental”.
Saneamento O
reuso da água foi a saída apresentada pelo engenheiro Jorge Pasin
Oliveira, da BJP Manutenção e Operação de Utilidades Ltda. “A maioria
das aplicações é indireta, como irrigação e recarga de aqüíferos ou
na indústria”, informou, lembrando que são raríssimos os casos de reuso
direto para consumo humano. Para Maria Judith Marcondes Salgado, analista da
Cetesb e membro da diretoria do SEESP em Taubaté, uma ação importante
seria a criação da Agência de Gestão da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba,
para que houvesse um controle integrado. O engenheiro da Sabesp, Mário Pero
Tinoco, ressaltou a urgência em se garantir financiamento para
investimentos no setor, que já enfrenta dificuldades para assegurar o
abastecimento público.
Recursos
hídricos Marcelo
Targa, chefe do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade de
Taubaté, abordou os conflitos do uso da água no Vale do Paraíba,
especificamente no caso da agricultura irrigada. Ele contradisse a tese
segundo a qual a atividade seria a grande vilã consumidora, enfatizando ser
na propriedade rural que ocorre a infiltração de água nas bacias hidrográficas.
Portanto, afirmou que “o agricultor, irrigante ou não, que pratica
conservação do solo, tem que ser diferenciado no processo de cobrança de
uso”. O engenheiro Antonio Octaviano, da Duke Energy, apresentou as ações da empresa, proprietária de oito usinas hidrelétricas, para a conservação dos recursos hídricos sob seu gerenciamento. Assim, os planos de Gestão Sociopatrimonial e de Uso e Ocupação de seus reservatórios orientam eventuais cessões desses recursos para desenvolvimento de atividades por terceiros. |
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