Os engenheiros e o FSM 2003

Necessário fosse sintetizar em uma palavra o que aconteceu em Porto Alegre, no III Fórum Social Mundial, seria essa, talvez, a mais adequada: indescritível! Surgido e ungido pelas mãos de uma grande massa de críticos e de militantes contrários ao neoliberalismo, esse me­gaevento mundial, que reuniu repre­sentantes de mais de 150 países, superou, em todos os aspectos, os dois anteriores, seja pela imensa quantidade de trabalhos – cerca de 2.400 – ou pela sua qualidade.

O SEESP, em parceria com a FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) e capitaneado pelo nosso presidente, o enge­nheiro Murilo Celso de Campos Pinheiro, apresentou, em uma oficina autogestionada, seis trabalhos em diferentes campos de atuação: habitação, saneamento, transportes, trabalho, meio ambiente e energia. Além disso, colocou em pauta a discussão sobre direitos trabalhistas e organização sindical. A oficina, realizada no Senge-RS (Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio Grande do Sul), contou ainda com a presença de Ildo Sauer, professor da USP e crítico do processo de privatização das empresas elétricas, do presidente da Itaipu Binacional, de outras personalidades do Governo Federal e do então senador Ulisses Riedel. Foi, sem qualquer dúvida, o sindicato de engenheiros que mais marcou presença no evento.


Sucesso
O Fórum deste ano caracterizou-se por ser o mais propositivo de todos. A quantidade de propostas para os mais diferentes campos equilibrou o tom crítico e analítico preponderante nos anteriores. Nascido para se contrapor às idéias neoliberais e privatizantes, o Fórum Social Mundial ganhou brilho maior e é, hoje, na essência, referência para as discussões do Fórum Econômico Mundial de Davos.

Foi um grande evento, que caminhou de encontro às práticas conservadoras de direita e ao encontro da legitimidade das idéias sociais, tendo resgatado a auto-estima dos desesperados e o alento dos desesperançados.

A presença do Presidente Lula no Fórum de Porto Alegre e, em seguida, no de Davos reforçou a tendência de acoplar às discussões econômicas o temário social. Nos dois encontros, Lula reforçou a posição brasileira a favor da paz e contra a guerra, um dos principais temas do FSM.

Na marcha pela paz vimos nossos colegas engenheiros carregando cartazes como “O Brasil quer paz”; “Guerra??? Só contra a fome e a miséria!” e até algumas palavras de ordem saudosistas como “Bush: mais pão, menos canhão” ou  “Make love, not war”.

A mensagem que fica para todos, do FSM 2003, fazendo eco à afirmação do Presidente Lula e ao lema do Fórum, é que a esperança venceu e vencerá o medo e será possível edificar um novo mundo, mais justo.


Eng. Cid Barbosa Lima Junior
Diretor do SEESP

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