Engenharia alia modernidade e segurança 
na construção de túneis

Na era da tecnologia, sofisticada metodologia de trabalho, bem como a implantação de sistemas de segurança e automação avançados, caracterizam a construção de três grandes túneis na Rodovia dos Imigrantes, que totalizam 8,23km de extensão. O maior deles terá 3.146 metros e já está em fase de pavimentação.

Esses integram o complexo da segunda pista da rodovia (descendente), com 20,23km de comprimento, e compõem a maior parte dos 11,48km do traçado na Serra do Mar, segundo informação da Ecovias, detentora da concessão.

A preocupação com o meio ambiente motivou a revisão do projeto original, elaborado pelo Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) em 1986. A atual versão ficou a cargo da Figueiredo Ferraz, juntamente com o Consórcio Imigrantes. Composto pela paranaense Ebec Engenharia e pela italiana Impregilo, esse é responsável pela obra, sob supervisão da Ecovias. “Com a construção de túneis extensos, os impactos sobre o Parque Estadual da Serra do Mar foram mitigados. Para se ter uma idéia, estamos afetando a área em 40 vezes menos do que a pista ascendente”, afirma Ronaldo Schittini, engenheiro da Ecovias e coordenador da ampliação principal na Imigrantes. Conforme a concessionária, a abertura dos túneis implicará apenas sete pequenas interferências e desmatamentos: os seis emboques (ou bocas) e mais uma “janela” para facilitar a construção do mais longo deles, que servirá, posteriormente, de via de escape em emergências.

Iniciada em setembro de 1998 e prevista para ser entregue em meados de dezembro deste ano, essa é considerada a maior obra de engenharia rodoviária em curso na América do Sul. E abrange, de acordo com Schittini, o maior túnel da América Latina.


Modernidade
Ele ressalta a sofisticada metodologia executiva empregada na perfuração das rochas. “Para abrir os túneis, aliamos tecnologia a processo já consagrado e bastante utilizado, de modo a garantir segurança e velocidade de escavação e, conseqüentemente, maior eficiência. Com esse objetivo, importamos da Austrália equipamentos de última geração, jumbos (perfuradores) com monitoramento por raio laser, e obtivemos índices de produtividade muito bons.” De acordo com o engenheiro, a logística também é complexa nessa obra.

Schittini promete que a Ecovias entregará os túneis mais modernos da atualidade. “Eles serão dotados de sistemas de automação, ventilação, elétrico, com subestações independentes em cada emboque do túnel e geradores próprios, e de combate a incêndio, com hidrantes e extintores instalados de 55 em 55 metros.” Haverá ainda câmeras de TV monitorando o movimento, com superposição de imagens. “Caso se verifique um carro parado no túnel, será disparado um alarme e todos os sistemas vão interagir”, relata. “No caso de um congestionamento, por exemplo, não se acumularão veículos nos túneis, porque nos emboques haverá cancelas que serão fechadas. E imediatamente equipes de operação de tráfego serão acionadas. Teremos ainda contagem de veículos nas entradas e saídas dos túneis. Todos esses sistemas vão se sobrepor, de modo a não haver falhas.”


Garantia adicional
Se mesmo com os recursos à disposição, carros ficarem parados em um túnel, o sistema de ventilação, com alto grau de automação, será acionado. Segundo o engenheiro, é composto por 42 equipamentos importados da Suécia, hoje utilizados em um túnel na Noruega de 23km de extensão. “São jato-ventiladores bidirecionais, que fazem uma propulsão de forma a caracterizar para onde vai o maior fluxo de ar.”

Com um custo aproximado de R$ 800 milhões, a pista descendente vencerá um declive de 730 metros entre o Planalto e a Baixada. Compreende, além da execução dos três túneis, nove viadutos, com comprimento total de 4,27km, também projetados de maneira a reduzir a agressão à mata nativa, em cuja construção vem sendo igualmente empregada tecnologia de ponta.

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