SEESP APRESENTA PROPOSTAS 
PARA O RODOANEL

Concebido com o objetivo precípuo de desafogar o tráfego de caminhões na Grande São Paulo, o Rodoanel Mário Covas contornará a Região Metropolitana e interligará os principais corredores de acesso a essa megalópole. Será feito por etapas e apenas o trecho Oeste está em execução. Com previsão de término para o primeiro trimestre de 2002 e 32km de extensão, esse abrangerá as rodovias Régis Bittencourt, Raposo Tavares, Castelo Branco, Anhangüera e Bandeirantes.

O grande empreendimento exige estudos de impactos diversos, bem como disponibilidade de recursos financeiros – no total, englobando os reassentamentos, as desapropriações e as obras compensatórias, está estimado em R$ 6 bilhões. Visando contribuir com a preservação ambiental nos cerca de 170km de extensão do anel viário, bem como apresentar alternativa à redução de custos na sua construção, o SEESP enviou há dois anos proposta para a megaobra. Segundo Dalton Edson Messa, vice-presidente da Delegacia Sindical no Grande ABC, que formulou a sugestão, essa contempla a inclusão, no projeto, de ilhas de comércio – entre as duas vias, estabeleceriam-se, mediante a venda de espaços, postos de serviços –, além do fechamento lateral das pistas, pelo menos nos trechos que abrangem áreas de mananciais, com árvores. "Essas funcionariam como barreiras de isolamento acústico e para conter a velocidade dos ventos, melhorariam a qualidade do ar e o aspecto visual. E ficariam a uma distância de aproximadamente 60 metros da via, com uma área de fuga gramada, ideal inclusive se futuramente for preciso efetuar ampliação", explicitou.

Quanto às ilhas de comércio, além de contribuirem financeiramente para a construção do rodoanel, conforme Messa, evitariam o estabelecimento de barraquinhas nas laterais das pistas, e os estacionamentos ali instalados poderiam ser aproveitados como retornos. "Sem contar que nesses espaços confinados poderia ser feita a coleta de lixo e o tratamento de efluentes e esgotos", complementou o vice-presidente da Delegacia. Coordenador do Grupo de Desenvolvimento Urbano e representante do Sindicato no Fórum da Cidadania do Grande ABC, ele assegurou que a idéia, inspirada no que existe entre as cidades americanas de Miami e Orlando e apresentada na época em reuniões na Câmara Regional do ABC, da qual participam sete prefeituras, teve boa receptividade. O então coordenador geral do rodoanel, Ulysses Carraro, a quem foi encaminhada a proposta, respondeu ao SEESP afirmando serem "sugestões boas", cuja necessidade e localização seria estudada. Contudo, até agora, não foram incorporadas ao projeto.


RODOVIA INTELIGENTE
Euclides Correa, gerente de projetos do Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), companhia responsável pelo empreendimento, afirmou que "no momento, não há como implantar as ilhas de comércio no trecho Oeste, porque teriam que ser feitos acessos a essas áreas e isso não passa pelas prioridades". Segundo ele, para sua colocação, precisariam ser superadas as dificuldades financeiras encontradas atualmente e haver pesquisa técnica, econômica e de negócios que comprovasse sua viabilidade. A probabilidade maior é que sejam instaladas no trecho Sul, o próximo a ser iniciado, no primeiro semestre de 2002, com término previsto para 2004. "Nesse, será possível inovar bastante, porque o projeto vai começar a ser feito. E a idéia nos sensibilizou e encontrará aliados fortíssimos aqui." Com relação ao fechamento lateral das pistas, de acordo com Correa, integrará o projeto de paisagismo, em elaboração.

Messa faz ainda outras sugestões, relativas à segurança e ao controle da poluição, principalmente difusa. Entre elas, a colocação, especialmente em áreas de mananciais, de caixas de contenção com sistema de infiltração para a captação de água na estrada e sensor para retenção, em caso de vazamentos, de resíduos em reservatórios, de modo a impedir contaminações. Na sua concepção, também deveriam ser instaladas, em trechos de descida, áreas de fuga com brita para parar um veículo em caso de perda de freio. "Temos alguns refúgios de cargas perigosas e estão previstas outras medidas utilizando-se tecnologia avançada", enfatizou o gerente de projetos do Dersa.

A idéia é assegurar que o anel viário seja uma "rodovia inteligente". Contudo, se todo o estudo feito à realização da megaobra, bem como o uso de recursos sofisticados, impedirá acidentes durante sua operação, aparentemente não foi suficiente para evitar a ocorrência de um na execução do trecho Oeste. No dia 15 de junho último, um bate-estaca da empreiteira Queiroz Galvão, licitada para trabalhar nessa área, rompeu um duto da Petrobrás, em Barueri, na Grande São Paulo. Isso provocou o vazamento de 150 toneladas de gás e houve risco de explosão. Cerca de 2 mil pessoas tiveram que ser retiradas de suas casas e o trânsito na rodovia Castelo Branco ficou interrompido. O Dersa instaurou sindicância interna para apurar as responsabilidades. O resultado seria ser divulgado, segundo sua Assessoria de Comunicação, no dia 3 de julho.

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