AS VANTAGENS COMPETITIVAS DA ENGENHARIA PAULISTA

Neste alvorecer do século XXI, parece ter entrado em declínio a mitologia do livre comércio, tão exaltada no final do século XX. Não é só a disputa entre Bombardier e Embraer, nem o embargo canadense injustificado à carne nacional. Para os paulistas, é também a guerra fiscal entre os estados brasileiros na disputa por investimentos. Palco, aliás, da recente vitória de São Paulo contra o Paraná no STF. Todas essas disputas giram em torno de produtos e serviços de alto valor agregado, nos quais o componente de conhecimento e o conteúdo de Engenharia são maiores.

O Estado e a Capital de São Paulo têm vantagens comparativas para a realização das atividades de inovação no Brasil e no mundo. Poucas regiões do Planeta oferecem uma variedade tão grande de concorrentes locais e mundiais com sede e atividades tecnológicas.

São Paulo tem uma extensa rede de escolas de nível superior e grande parte da produção científica, industrial e agrícola do País. Cidades inteiras em nosso Estado têm tradição de Engenharia. Sem muito esforço, podemos lembrar da Poli na Capital, da FEI no ABC, do ITA em São José dos Campos, da Federal e da USP de São Carlos, da Luiz de Queirós em Piracicaba, da Unicamp em Campinas, sabendo com certeza que cometeu-se injustiça por omissão com muitas outras boas escolas de Engenharia do Estado.

No entorno regional dessas instituições de ensino, há enorme pujança econômica e algumas das cidades brasileiras de maior qualidade de vida. Na moderna economia do conhecimento, a Engenharia de São Paulo está muito bem-posicionada no coração do Mercosul, na mais integrada e desenvolvida economia regional do hemisfério Sul, quiçá de todo Terceiro Mundo.

As empresas e escolas de São Paulo vivenciam uma situação riquíssima de inserção nos circuitos da tecnologia mais moderna e ao mesmo tempo nos mercados mais pobres do mundo.

É quase uma situação de livro-texto para identificar e explorar oportunidades de desenvolvimento de produtos, serviços e processos voltado aos mercados abandonados pelas grandes empresas do hemisfério Norte.

Políticas específicas certamente terão que ser elaboradas para aproveitar e direcionar esforços a esse potencial. Porém, o passo mais importante é no terreno das atitudes. Engenheiros, empreendedores, empresários e autoridades públicas precisam mudar seu modo de encarar a realidade brasileira e passar a enxergar e explorar as vantagens da nossa economia dual, dividida entre ricos e pobres num grau exacerbado.

São Paulo é um dos melhores lugares do mundo para desenvolver produtos e serviços às grandes massas de deserdados do Planeta. O que tem faltado é vontade de ver e explorar essa oportunidade.

Eng. Paulo Tromboni de Souza Nascimento
Presidente

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