SEM ENGENHEIROS, MANUTENÇÃO EM ESTÁDIOS NÃO É REGRA

Na capital paulista, um dos em piores condições é o Pacaembu, justamente dos que mais carecem de profissionais especializados. "No setor de manutenção, tem apenas um eletricista para cuidar de tudo. Os engenheiros da Secretaria de Esportes são acionados quando existe um problema mais sério." A declaração de Cassio Tercitano, assessor técnico da Diretoria do local, não deixa dúvidas quanto às conseqüências da falta de pessoal habilitado para efetuar acompanhamento periódico, no caso, devido à ausência de recursos destinados até então pela gestão municipal à sua preservação. "O Pacaembu é alta fonte de renda e o dinheiro que entrava ali não era utilizado em seu interior, pelo menos não para dar manutenção. Ele foi abandonado e hoje necessita de uma reforma estrutural profunda, porque foi depreciando ao longo do tempo", constatou o diretor do Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis), Clayton Claro da Costa. Segundo ele, por questão de segurança, esse estádio de futebol está liberado para apenas 21 mil pessoas. "Hoje, a lotação compatível com a estrutura existente seria de 37.391. Em vistoria, foi verificada uma trinca no pé do pilar no tobogã, e esse foi interditado. A avaliação inicial é que ali teria sido feito reforço inadequado e precisaria ser refeito."

A atual gestão tem uma tarefa hercúlea pela frente: recompor o estádio municipal que é cartão-postal da cidade. Sob o comando do diretor Olívio Pires Pitta, a equipe responsável por esse trabalho está fazendo um "levantamento dos problemas", visando minimizar 80% deles em um ano. "Entre os mais graves está a infiltração de água pluvial pelas marquises. Na frente do estádio, teve a construção do piscinão e o calçamento foi feito com concreto que entupiu os condutores de escoamento", revelou Tercitano. Em sua lista, pequenas fissuras, vazamentos, curto-circuitos, falta de equipamentos adequados de combate a incêndio, um painel desativado que precisa ser removido imediatamente porque está com a base enferrujada e existe o risco de despencar sobre a arquibancada, ferragens e fios aparentes.

Outro estádio com um rol de problemas, segundo Costa, é o da Portuguesa, o Canindé. "Há cerca de oito anos eles estão devendo a conclusão de um projeto de recuperação e adaptação às normas de segurança." De acordo com ele, tal estádio – liberado hoje para 23.400 pessoas – apresenta sinais de que é hora de fazer uma manutenção geral na edificação, inclusive quanto à estrutura. Armando Celli Filho, consultor de Engenharia da empresa Engesc, contratada pela Portuguesa, tentou justificar: "O complexo é relativamente grande e o processo vem sendo cumprido na medida do possível." Costa afirmou que a atual gestão pretende agilizar as ações do Contru e cobrar responsabilidades.

Na outra ponta, o Morumbi e o Parque Antártica – o primeiro do São Paulo, com capacidade atual para 80 mil pessoas, e o segundo do Palmeiras, para 34.500 – são exemplos de estádios que avançaram. Após exigência do Contru e interdições em meados da década de 90, os dois solucionaram o desconforto resultante de vibrações nos locais, colocando amortecedores, e modernizaram os espaços. Hoje, em ambos, há – conforme os engenheiros José Cyrillo Junior, vice-presidente do Palmeiras, e Paulo Saes, diretor do São Paulo – departamentos de manutenção e obras bem-estruturados.

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