ALÉM DA FRAGILIDADE EM 
SISTEMAS DE SEGURANÇA

É lamentável que a matéria sobre os casos CPTM e Petrobrás, publicada na última edição do JE On Line, aponte apenas para a fragilidade em sistemas de segurança. Ao longo de minha carreira profissional, assisti a várias comissões internas de sindicância, que concluíram por falha humana, sucessão da fatalidade ou série de coincidências. Parece-me que qualquer comissão séria, além da participação do sindicato dos trabalhadores, teria que no mínimo conter especialistas, que fossem os responsáveis pelo laudo técnico para que não ficássemos à mercê de uma análise subjetiva e tendenciosa, que, por fim, responsabiliza o operador por tragédias como o recente acidente de trem que matou nove pessoas.

É preciso pôr um basta nessa Comissão de Sindicância que só busca culpar o maquinista, cuja única falha é a de trabalhar numa empresa que costumeiramente provoca acidentes por falta de manutenção e de um sistema de gestão relativo a condições e meio ambiente de trabalho. Ao longo dos anos, essa e outras companhias não investiram centavo em um sistema de gestão que privilegiasse a política de prevenção de acidentes, tampouco na análise do risco e vulnerabilidade de seus equipamentos, cujo objetivo é avaliar as possíveis conseqüências decorrentes de hipóteses acidentais identificadas. Com isso, podemos prever e corrigir erros operacionais.

Vejamos agora o dito laudo técnico — cujo responsável e respectiva ART são desconhecidos. Se o calçamento era a medida prevista e necessária para garantir a imobilização permanente, porque o sistema não checou por meio da fiscalização da empresa se essa medida tinha sido tomada? Deveria haver controles automáticos e um sistema alternativo. A simplicidade no trato dessas questões ensejará a ocorrência do mesmo acidente em outro lugar pela absoluta incompetência operacional com que tratam um sistema obsoleto e arcaico.

É preciso forçar uma mudança nas condições de trabalho e meio ambiente e alertar a população para que cobre de empresas e poderes públicos a adoção de um sistema de gestão relativo ao tema. É ainda fundamental que se priorize a política de prevenção de acidentes, em vez de considerá-la irrelevante, tal como o Secretário dos Transportes Metropolitanos.

Eng. Celso Atienza
Vice-presidente do SEESP, engenheiro civil 
e de Segurança do Trabalho

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