"É PRECISO DAR UM RUMO AO 
CONSELHO E REVITALIZÁ-LO"



Essas são as propostas básicas de Esdras Magalhães do Santos Filho para transformar o Crea-SP numa instituição moderna, transparente e útil aos profissionais e à sociedade.

Jornal do Engenheiro: Quais as propostas básicas para administrar o Crea-SP?
Esdras Magalhães dos Santos Filho:  Precisamos dar um rumo ao Sistema Confea/Creas, que hoje é uma nau desgovernada, não consegue dar respostas às demandas dos profissionais, especialmente no tocante às relações de produção e integração de mercados econômicos. Além disso, é urgente revitalizar a estrutura da instituição, que está emperrada, continua burocrática, cartorial e muito centralizada.

JE: E como se alcançarão esses objetivos?
Esdras: Para começar a trabalhar, tomare­mos algumas medidas imediatas. A primeira será transformar as inspetorias em unidades gestoras da fiscalização, com mais autono­mia, incluindo dotação orçamentária, poder administrativo e  político para falar em nome do Conselho nas suas regiões. Atualmente, as inspetorias são responsáveis pela fiscali­zação nos municípios, conhecem as deman­das, sabem o que tem que ser feito e até propõem, mas ficam à espera de decisões centralizadas que nunca chegam. O segundo passo é a criação dos Creas Distritais — ini­cialmente entre 12 e 15 — nas grandes re­giões do Estado, no sentido de descentralizar a estrutura e colocar os conselheiros mais próximos de onde ocorrem as demandas. Outra medida é a criação das câmaras temá­ticas ou setoriais, como habitação, meio am­biente, setor automotivo, transporte, energia etc. Enfim, câmaras que possibilitem uma in­serção maior do conselho no mundo da pro­dução, discutindo toda a cadeia produtiva em cada setor, a fiscalização, as demandas de requalificação profissional. Também esta­rá entre os primeiros atos dar autonomia administrativa às câmaras especializadas de profissão, que hoje não têm poder algum, ficando à mercê da máquina administrativa. Esses são atos formais da presidência, que serão encaminhados ao plenário para votação e implementação imediata.

JE: E a partir deles será colocado em prática o programa de governo que vem sendo discutido ao longo da campanha?
Esdras: Exatamente. Nesse conjunto de idéias, o primeiro passo é resgatar o papel da fiscalização como instrumento de ordenamento do mercado de trabalho, proteção e defesa dos profissionais. O segundo é a defesa dos brasileiros nas negociações de trânsito de profissionais, tendo em vista os mercados comuns como Mercosul, Alca, CEE.  Também vamos inserir o Conselho no debate público para geração de emprego e renda, buscando soluções para os profissionais vinculados a ele. Fundamental também é que o Conselho se envolva na questão ligada à educação continuada e requalificação, tendo em vista as transformações no mundo da produção. A idéia é trabalhar como um instrumento indutor e promotor da requalifi­cação, captando recursos para isso.

JE: Nas próximas eleições, você disputa a presidência do Crea-SP com o candidato da situação que, surpreendentemente, vem apresentando propostas muito parecidas com as suas durante a campanha. Como você avalia isso?
Esdras: Não é a primeira vez que isso ocorre.  Ao longo da história do conselho, as entidades profissionais, especialmente as sindicais, vêm formulando propostas de democratização e avanço no conselho. Nos períodos pré-eleitorais, a situação acaba adotando o discurso condizente com o programa da oposição, até porque precisa apresentar algum durante a campanha e porque sabe que representam os anseios dos profissionais.  Porém, em função do casuísmo que grassa nos processos eleitorais do sistema, a situação vem ganhando as eleições e não implementa qualquer mudança no sistema, que segue com os mesmos vícios. Essa história se repete há 15 anos; então, esperamos vencer dessa vez para que possamos ter certeza de que as reformas serão feitas em benefício dos profissionais.

JE: A que casuísmos você se refere?
Esdras: Passa pela falta de divulgação do processo eleitoral, o reduzido número de urnas instala­das, o regimento eleitoral draconiano que fa­vorece a situação e uma comissão eleitoral comprometida com o status quo. Mas estou con­fiante de que vamos superá-los todos, inclu­sive as eventuais fraudes, e vencer com o apoio dos profissionais.

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