ATTAC CONTRA A ESPECULAÇÃO



Foi constituída recentemente na Assembléia Legislativa de São Paulo, coordenada pelo deputado César Callegari e apoiada pela Attac-SP, uma frente parlamentar, com representação de todos os partidos, a favor da “Taxa Tobin”. Na ocasião, foi lançado o livro “Tobin or not Tobin?” (Editora Unesp), do economista francês François Chesnais, que fez uma estimulante palestra sobre o tema.

Que é Attac? Que é “Taxa Tobin”?

O mensário Le Monde Diplomatique (que tem edições simultâneas em vários idiomas, inclusive o português) vem se fixando como um núcleo de pesquisas e divulgações contra a globalização, a especulação financeira e o “pensamento único” que as endeusam. A equipe do jornal lançou a idéia de se criar, em escala planetária, uma organização não-governamental de Ação pela Taxa Tobin de Ajuda aos Cidadãos – Attac. Em conjunto com sindicatos, partidos políticos, entidades culturais, sociais e ecológicas, a Attac foi fundada na França em junho de 1998. Já no fim do ano, a Attac decidiu estimular a criação de comitês nacionais e assumir as bandeiras que melhor traduzam em cada país a luta das sociedades contra a especulação financeira, a globalização e a tutela dos mercados sobre a humanidade.

A Attac brasileira vem se organizando desde a realização do Tribunal da Dívida Externa, no Rio de Janeiro, em abril de 1999. A organização já existe em São Paulo, e pode ser encontrada neste telefone: (11) 210-4610.

A plataforma da Attac e outros materiais de informação podem ser obtidos pela Internet no site: http://attac.org; Le Monde Diplomatique em português pode ser comprado na livraria de Portugal, à rua Genebra 165, perto do SEESP.

James Tobin, nascido em 1918 e Prêmio Nobel de Economia em 1981, baseado em suas orientações keynesianas e em sua prática profis­sional – trabalhou no controle de preços du­rante a administração Roosevelt nos Estados Unidos – formulou pela primeira vez, em 1972, (logo depois da abolição do padrão-ouro e do desmantelamento dos acordos de Bretton Woods, que escancararam o caminho da desre­gulamentação dos mercados financeiros mun­diais sob a batuta do dólar) o projeto de uma taxa sobre as transações cambiais. O papel des­sa taxa seria o de impedir que a especulação desesta­bilizasse ainda mais as relações de câm­bio. Co­mo subproduto, em sua concepção ori­ginal, seria constituído um fundo capaz de ser usado em caso de crise. Portanto, a “Taxa Tobin” (que na nomenclatura brasileira seria chamada corretamente de “Contribuição Tobin” ou “Tributo Tobin”) incidiria apenas sobre as transações cambiais de moedas (que devem montar atualmente a 1.550 bilhões de dólares diários), e não sobre os merca­dos de ações e o de papéis da dívida pública.

O pensamento de Tobin tem evoluído no sentido de ampliar o alcance de sua proposta, seja aumentando a base da contribuição, seja destinando os recursos aos objetos de relevância social.

A economista Maria da Conceição Tavares, que sabe das coisas, declara seu apoio à “Taxa Tobin”, não porque ela seja uma solução, mas porque é um começo. Um começo e um recomeço das lutas e das propostas de controle sobre a especulação,  os capitais especulativos e voláteis, e os efeitos perversos da globalização, que infelicitam os mais pobres e todos nós.

João Guilherme Vargas Neto
Assessor Sindical do SEESP

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