PREVIDÊNCIA ESTADUAL: MAIS UMA FACADA NO BOLSO DO ENGENHEIRO

 

Ao longo desses cinco anos, a propaganda oficial, e também grande parte da imprensa dita independente, vem tecendo loas ao Plano Real e aos benefícios que trouxe à população de baixo poder aquisitivo, graças à estabilidade dos preços que compõem a cesta básica. Elegeram-se até heróis nacionais, o frango, o iogurte etc. Contudo, o fenômeno, ainda que verdadeiro, está longe de representar melhoria na distribuição de renda do País. Mais significativo é o arrocho a que foram submetidos os engenheiros e outras categorias de trabalhadores, que além de comer arroz e feijão, andam de carro, têm planos de saúde e colocam os filhos na escola particular, até porque contar com o serviço público nesses casos é suicídio. Tal situação está ilustrada na reportagem publicada na página 5 desta edição do Jornal do Engenheiro.

Há muita gente indignada, mas calada. A sociedade toda encontra-se numa pasmaceira! Os que estão empregados aceitam tudo, temerosos por seus empregos, e os desempregados topam qualquer situação, imaginando que seu "bom comportamento" poderá lhes alçar ao status de empregado. Nessas circunstâncias, cada um vigia seu próprio umbigo, ninguém cuida do todo. Em meio à inércia, quando o nível de insatisfação se torna insuportável, surge um fato isolado como a greve dos caminhoneiros. Justo em suas reivindicações, o movimento arrancou um acordo do Governo Federal, que não hesitou em mais uma vez repassar a conta aos já arrochados. Para baratear o diesel, sobe o preço da gasolina e os de sempre põem a mão no bolso.

Não bastasse a política econômica do País, vem agora o Governo do Estado nos brindar com mais uma ameaça que atinge em cheio a categoria. Os engenheiros, assim como os demais funcionários públicos estaduais, na ativa ou aposentados, e até mesmo os pensionistas, correm o risco de terem seus salários reduzidos por um substancial aumento no percentual da contribuição previdenciária. Pela proposta, segundo a AAPP (Associação dos Aposentados, Pré-Aposentados e Pensionistas da Cetesb), um salário de R$3.500,00 pagará uma contribuição de R$576,00. Nesse exemplo, o confisco resulta numa redução de mais de 10%. Quem ganha até R$600,00 está isento, o que só ameniza a injustiça, mas não a elimina.

O intuito do Governo, conforme projeto de lei encaminhado à Assembléia Legislativa, é limitar a 12% da receita líquida do Estado os gastos com a previdência. Para cumprir essa meta, uma das alternativas seria apertar sonegadores, que certamente não são os assalariados. Sabidamente, aqueles estão entre os afortunados, sempre imunes a medidas de austeridade fiscal porque, ao menor sinal de avanço sobre seus recursos, sobrevêm pressão, gritaria e ameaças. Algo bem diferente do que ocorre conosco, os assalariados, que temos assistido impassíveis nossa escassa e suada renda ser levada sob os mais diversos pretextos. É mais que tempo de mudar de atitude. Senhor Governador, tirar do miserê dos funcionários públicos é o fim da picada! Vá buscar os seus recursos em outra freguesia!

Eng. Maria Célia Ribeiro Sapucahy

Diretora do SEESP

 

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