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CRESCE BRASIL - Risco de escassez de energia pode ser amenizado

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     Se se confirmarem as projeções de crescimento da economia apresentadas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) – de 4,5% em 2007 e 5% nos três anos seguintes –, a partir de 2010 é provável que haja escassez de energia elétrica. É o que apontam especialistas do setor.
     Em seu manifesto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, os engenheiros defendem que o País pode não apenas alcançar esses patamares anuais de expansão do PIB (Produto Interno Bruto), mas superá-los e chegar aos 6% – e indicadores positivos divulgados no final de junho mostram que esses profissionais estão corretos em sua análise (veja reportagem no JE 303). Caso a Nação atinja esse nível de crescimento, o documento da categoria enfatiza que “estaríamos forçados a ampliar a oferta de energia acima de 8% ao ano”. Coordenador dos trabalhos técnicos do “Cresce Brasil”, o consultor Carlos Monte ratifica: “Vamos precisar de energia para atender o crescimento.”
     Na sua ótica, a possibilidade de carência do bem essencial a partir de 2010 se justifica pela preocupação com a oferta do gás natural – como conseqüência da redução do produto oriundo da Bolívia e o tempo necessário para que se possa substituí-lo por gás proveniente da Bacia de Santos e importado (de países como Nigéria, na África, e Omã, no Oriente Médio). Além disso, o risco de escassez deve-se ao atraso na execução dos projetos. De acordo com Monte, entretanto, a situação não se compara ao difícil cenário argentino. No país vizinho, como constata ele, a crise energética que se configura desde maio deve-se a fatores como a dependência do gás, a falta de ações de governo para fazer frente ao crescimento econômico e a baixa disponibilidade de hidroelétricas.

Alternativas e desafios
     Em território nacional, o consultor considera que a adoção de práticas diretas de conservação energética pode contribuir significativamente para amenizar risco de desabastecimento, somada à contribuição do setor sucroalcooleiro na geração. O segmento em questão vem registrando crescimento expressivo, que pode resultar em “grande quantidade de energia nova para o sistema”. Mas, para isso, precisa investir no aproveitamento do bagaço e palha da cana-de-açúcar, que tem sido em grande parte jogado fora. Em aproximadamente dois anos, novas usinas podem assegurar a ampliação da geração a partir da biomassa da cana, acredita ele. Diferentemente de empreendimentos como a construção das usinas hidroelétricas no Rio Madeira e a nuclear Angra 3 – já aprovados pelo governo, mas que não estarão concluídos a tempo de garantir o suprimento nos próximos três anos.
     Essas grandes obras são indicadas como necessárias no “Cresce Brasil”, assim como as outras potencialidades. No País cujas dimensões são continentais, como reforça Monte, é necessário “fazer tudo”. “Tem que construir usinas hidroelétricas e nucleares, a carvão na região Sul, tem que importar gás liquefeito, aumentar a produtividade da cana, fazer eólicas e PCHs (Pequenas Centrais Hidroelétricas) onde for possível”, continua. Porém, ressalva que prioritariamente o meio ambiente deve ser levado em conta, em especial “quanto à questão das emissões”. Todavia, pondera que é preciso “tentar resolver a questão e não ficar paralisado pela crítica”.
     Além do desafio nessa área, outro é garantir o suprimento de energia nos próximos anos através de diversas fontes, mas não a qualquer preço. Monte ressalta que a tendência é a energia ficar ainda mais cara, até porque as alternativas mais baratas já foram utilizadas no Brasil. Porém, os leilões podem garantir que o custo não seja exorbitante a ponto de paralisar a produção industrial e impedir o desenvolvimento nacional. Além disso, para ele, tendo bastante oferta, haverá equilíbrio tarifário.


Soraya Misleh

 

 


 
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