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Opinião - A origem inorgânica do petróleo

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Carlos Alberto Guimarães Garcez

      A teoria clássica ou orgânica sobre a origem do petróleo está baseada no consenso de que ele é formado por uma combinação de matéria orgânica, pressão e calor, passando por um processo de cozimento que dura milhões de anos. Seria, portanto, um combustível fóssil.
      Pelo processo de sua formação e pelo tempo que leva para tudo isso ocorrer, acredita-se que o petróleo um dia acabará. Dessa idéia discorda outra corrente científica, conhecida por defender a origem inorgânica do petróleo, que afirma ser o óleo subproduto de reações físico-químicas da própria terra.
      Um dos primeiros estudos sobre tal teoria aconteceu no final do século XIX, mais precisamente em 1860, quando os químicos Marcellin Berthelot, francês, e o russo Dmitri Mendeleiev (o criador da primeira versão da conhecida Tabela Periódica dos Elementos Químicos) propuseram a idéia de que é comum a ocorrência do metano no interior da terra, sendo então possível a formação de hidrocarbonetos em grandes profundidades, sustentando dessa forma que o petróleo é formado nas profundezas da terra por processos não-biológicos.
      O geólogo russo Nikolai Alexandrovitch Kudryavtsev, no início dos anos 50, com as pesquisas que realizou nas areias de Athabasca, em Alberta, no Canadá, teve a oportunidade de analisar a geologia dos arenitos daquele local, concluindo que nenhuma rocha poderia formar o grande volume de hidrocarbonetos lá presentes. Apresentou como resultado de seus estudos a moderna teoria do petróleo abiótico, que tem origem nas grandes profundidades da terra, deslocando-se à superfície através de falhas profundas.
      Mais recentemente, em 1992, a revista oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos publicou o artigo “The deep hot biosphere”, de autoria do físico austríaco Thomas Gold, causando grande agitação nos meios acadêmicos. O trabalho sugere que os depósitos de petróleo e gás (hidrocarbonetos) e também de carvão são originários de fluxos de gás alimentados por bactérias viventes em grandes profundidades abaixo da superfície terrestre. O artigo enfatiza a existência de materiais primordiais como o metano, que chegam até os reservatórios ou mesmo até a superfície através de grandes feições tectônicas e nesse trajeto são contaminados por uma biosfera profunda. Isso demonstra não haver combustíveis fósseis, mas uma contaminação dos materiais primordiais durante esse deslocamento. É possível conhecer a teoria mais detalhadamente no livro de Gold, “A biosfera profunda e quente – O mito dos combustíveis fósseis”, editado em português pela Via Óptima.
      Sabe-se que o petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos primordiais de grande estabilidade termodinâmica, formado a altas pressões e temperaturas nas profundezas da terra. Também é do conhecimento dos estudiosos sobre o assunto que praticamente a totalidade desses hidrocarbonetos é gerada por processos inorgânicos. Os gases primordiais, como o metano, hélio e nitrogênio, conduzem lentamente essa mistura de hidrocarbonetos (petróleo) para níveis mais rasos. Essa mistura se aloja em espaços porosos, em rochas sedimentares, formando os reservatórios de petróleo e gás natural.
       Outra obra bem conceituada foi lançada nos Estados Unidos em 2005. Trata-se de “Black gold stranglehold: the myth of scarcity and the politics of oil”, de Jerome R. Corsi e Craig R. Smith, que também confirmam a origem inorgânica do óleo. O livro visa desmistificar a idéia de que o petróleo é finito e foi formado por fósseis animais ou vegetais que se acumularam durante milhões de anos nas profundezas da terra, revelando que se trata de um bioproduto de contínuas reações bioquímicas sob a superfície da terra, influenciadas pela força centrífuga proveniente da rotação do planeta.
      O debate certamente continua, mas, com o avanço científico, chegaremos a uma conclusão acerca da real origem do petróleo.


Carlos Alberto Guimarães Garcez é vice-presidente do SEESP,
engenheiro civil e de Segurança do Trabalho, mestre em ciências ambientais, professor e
coordenador de pós-graduação da Unitau (Universidade de Taubaté) e
engenheiro da Comgás (Companhia de Gás de São Paulo)

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