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Opinião – Meio ambiente e logística reversa

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Edilson Reis


A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, denominada Rio+20, e as comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, instituído pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), ambas ocorridas no Brasil, colocaram foco no nosso país e lhe deram visibilidade mundial.

Esse fato nos obriga a trabalhar e desdobrar os temas debatidos na Rio+20,  em especial, retomarmos a discussão quanto ao crescimento socioeconômico com sustentabilidade, conforme propostas  propugnadas no projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado pela FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), com total engajamento do SEESP.

Expandir a economia entre 3% e 5% ao ano tem um impacto importante sobre o ambiente. São recursos naturais sendo demandados cada vez mais intensamente: mais terra, água, madeira, combustíveis etc. Precisamos mudar nossa ótica de consumo com vistas a uma nova cultura de cooperação social e respeito à sustentabilidade ambiental, evitando desperdícios. Um ponto fundamental nessa meta é implementar processos de logística reversa com tecnologia bem desenvolvida e dirigida a esse fim, o que é papel da engenharia e está entre as políticas públicas defendidas pelo SEESP.

Distribuir renda e riqueza para que todos possam consumir, o que é questão de justiça social e reversão do poder econômico e político, acarretará o aumento exponencial de exploração dos recursos naturais, muitas vezes de forma devastadora, com estragos estruturais e irreparáveis ao ecossistema. Hipóteses e dados de pesquisadores e estudiosos indicam que apenas 20% da população mundial consome 80% dos recursos naturais disponíveis e explorados na Terra. Com a inclusão dessa maioria hoje alijada, a questão que se coloca é como ficará o planeta se já está cada dia mais difícil para a natureza se reproduzir.

Em 2011, chegou-se ao sétimo bilhão de habitante. Essa multiplicação geométrica foi possível com os avanços da ciência, da tecnologia, da medicina e da educação. Apesar da curva de natalidade ser decrescente, temos como contrapartida o incremento da longevidade das pessoas, mantendo-se assim o potencial de consumo e produção de resíduos, que vem aumentando assustadoramente. Pesquisas indicam que cada ser humano gera, em média, 1kg de lixo por dia.

É, portanto, inevitável o desenvolvimento de uma cultura de reciclagem, não só pela escassez dos recursos naturais não renováveis, mas principalmente pela falta de espaço para acondicionar tanto material descartado.  Para que isso se efetive, é importante reavaliar o conceito de lixo, deixando de enxergá-lo como algo sujo e inútil em sua totalidade. Grande parte dele pode e deve ser inserida de volta no ciclo produtivo.

Nesse sentido, a sociedade civil organizada deve apoiar os programas de coleta seletiva, o trabalho dos catadores, dos aparistas e dos recicladores, pelo relevante papel que desempenham na prática da logística reversa. Isso traz economia de recursos naturais e é sustentabilidade.


Edilson Reis é consultor em transporte e mobilidade urbana, diretor do SEESP, coordenador do Grupo de Transporte, Trânsito e Mobilidade Urbana da entidade e membro do Conselho Tecnológico do sindicato

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