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EDITORIAL - O calor de Belém derreteu as gastas lições de Davos

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      Quando o Fórum Social Mundial aconteceu pela primeira vez em 2001, na cidade de Porto Alegre, foi saudado como espécie de reagrupamento das esquerdas que andavam nocauteadas após o fracasso do socialismo real no leste europeu, a queda do Muro de Berlim, a desintegração da União Soviética e, especialmente, o que parecia uma vitória incontestável do neoliberalismo. Depois de anos de desarticulação, forças progressistas reuniram-se para dizer o que estava errado e clamar por “um outro mundo possível”, slogan do evento que fez sentido a corações e mentes.
       Do outro lado do campo, a iniciativa foi vista com certo desdém. Ano após ano, o encontro promovido por organizações não-governamentais e movimentos sociais, com o apoio financeiro de governos locais alinhados aos princípios do FSM, foi tratado por boa parte da mídia pelo stablishment mundial como um happening anual de malucos, uma espécie de woodstock político e desperdício de dinheiro público.
      Pois bem, o encontro anual, que também enfrenta suas contradições e enormes dificuldades de organização, consolidou-se ao longo desses nove anos. Assim, na edição de 2009, em meio a uma grave crise financeira e econômica de proporções ainda não definidas, mas cujas causas podem ser resumidas nas receitas neoliberais pregadas pelo Consenso de Washington, impostas pelo Banco Mundial e ecoadas pelo Fórum Econômico Mundial que se reúne em Davos desde 1971 para ditar regras ao globo, o FSM aconteceu com a convicção de que vem defendendo as teses corretas.
      Enquanto o pessimismo marcou o encontro de 2009 nos alpes suíços, o fórum na quente e úmida Belém, embora também atordoado pela crise, ganhou legitimidade para propor esse outro mundo possível no qual os trabalhadores, os direitos sociais e a natureza devem ser protegidos da ambição desmedida do capital. Além de discutir suas pautas específicas e denunciar desmandos diversos, mais de 130 mil pessoas reuniram-se na capital paraense para reafirmar sua esperança de uma vida melhor para todos e de que, no processo, podemos até salvar o planeta.
      Um evento no FSM foi particularmente significativo, o encontro entre os presidentes Lula, Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai). É bem sabido que nesse grupo há divergências a serem superadas e que a integração latino-americana há muito almejada não é tarefa das mais simples. Mas a reunião dos cinco fortalece a convicção de sua necessidade e possibilidade.

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

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