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TECNOLOGIA - Desenvolver o tablet brasileiro

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Soraya Misleh


        Esse foi o desafio lançado pelo então ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, ao ser agraciado pelo SEESP na área de Valorização profissional com o prêmio Personalidade da Tecnologia 2011 em 11 de dezembro último – Dia do Engenheiro. Como consequência, um grupo eminentemente constituído por acadêmicos já começa a se reunir para discutir o assunto.

        Mercadante mudou de pasta – está à frente da Educação agora –, e segundo tem afirmado em entrevistas, o equipamento começará a ser distribuído no segundo semestre a quase 600 mil professores do ensino médio. Serão priorizadas cerca de 59 mil instituições que já contam com internet banda larga.

        Ao pensar no tablet nacional, seu anseio é mais ousado, como anunciou durante a premiação: alcançar os 70 milhões de alunos da rede pública. O professor Hélio Guerra, um dos que foram desafiados na ocasião, conta que a ideia foi “comprada” pelo sucessor de Mercadante no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, a quem foi apresentada a proposta e as visões a respeito pelo grupo de acadêmicos no dia 9 de fevereiro, em Brasília. “Por enquanto está se discutindo o que fazer. Está num estágio bem preliminar. Tem várias tendências: uma é não dar tanto valor ao hardware, porque esse virou commoditie, não teria inovação tecnológica. A outra é investir na produção de software, que pode ser feito aqui ou adaptado.” Na sua concepção, poder-se-ia, nesse caso, utilizar o sistema estadunidense android, que precisaria ser subcontratado. Guerra citou que o Cesar (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife) já está atuando nessa linha. “Você pode pôr mais gente trabalhando para algumas aplicações necessárias, por exemplo, nas áreas de medicina e gestão de empresas.” O que poderia representar avanços tecnológicos. Opção ainda é utilizar software livre.

        No caso do hardware, conforme o professor, seria possível fazê-lo em seis meses. “Tem competência para isso, fizemos coisa muito mais complicada numa época em que isso era tabu (na década de 70, ele participou do desenvolvimento do primeiro computador brasileiro, o Patinho Feio, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo). O problema é fazer com qualidade e em quantidade. Se essa escala se limitar ao Brasil, não vai ser suficiente para baixar o preço. O País tem que fazer para competir no mundo. Daí terá um pouco de sentido. Temos que vender na China!.” Diretor da área de informática da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), Hugo Valério acredita que não há como disputar fora do Brasil. “Há capacidade intelectual e acho válido o desafio (feito pelo ministro). Mas é preciso criar condições de competitividade, escala, capacitação, exportação.” Na sua concepção, isso requer resolver a questão do custo-País. “Alguns componentes brasileiros acabam custando mais caro do que os importados”, reclama. Para consumo interno, ele afirma que também seria necessário tratamento diferenciado, em relação ao produto estrangeiro, com benefícios fiscais.


Inclusão digital
        Conforme Guerra, mais importante do que desenvolver o tablet brasileiro é popularizar seu uso em âmbito nacional. Para tanto, na sua análise, é fundamental iniciar pelo treinamento de docentes em todo o País. “Digitalizar 70 milhões de estudantes seria ótimo, mas é evidente que não começa pelo desenvolvimento de um hardware e de seu software básico. Eu ficaria muito contente se o governo soltasse um programa para capacitar professores de primeiro grau no uso do computador.” Além disso, é crucial integrar as políticas. “Tem que ser uma coisa coordenada. É preciso ter também internet e uma banda larga razoável”, atesta o professor.




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