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FST 2012 - Crise capitalista e justiça ambiental

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Rita Casaro*


       Sob esse mote e como evento preparatório à Rio+20, a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, aconteceu entre os dias 24 e 29 de janeiro, na cidade de Porto Alegre, o Fórum Social Temático 2012. Sem a concentração tradicional das edições mundiais do evento, as atividades se espalharam por diversos locais da capital gaúcha e das cidades vizinhas, entre eles as instalações da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), a Assembleia Legislativa, a Câmara Municipal, o Cais do Porto e a Casa de Cultura Mario Quintana, que concentrou as iniciativas de comunicação livre.

       Segundo dados da organização, o FST teve cerca de 40 mil participantes, sendo 30 mil em Porto Alegre e mais de 10 mil nos demais municípios. A marcha de abertura, sob forte chuva, reuniu 20 mil pessoas. Aos shows realizados durante o evento (dois em Porto Alegre, dois em Canoas e um em São Leopoldo) compareceram mais de 50 mil. Foram 10 mil inscritos de 38 países oriundos dos cinco continentes. Foram realizadas cerca de 670 atividades das mais de 800 inscritas.

       Ainda conforme o comitê local, cujo balanço sobre o evento foi positivo, os resultados apontam para a possibilidade de um novo encontro em Porto Alegre em 2014. “Programado para ser um fórum temático visando articular as várias redes internacionais que pretendem estar na Rio+20, o FST cumpriu seu objetivo porque trouxe a Porto Alegre mais de 3 mil lideranças internacionais dos vários movimentos: ambiental, de mulheres, sindical, urbano e, inclusive, de parte das redes sociais que atuam no tema da sustentabilidade.” Avalia-se ainda que o evento contribuiu para avanços relativos ao debate que se dará em junho próximo, no Rio de Janeiro: “O sucesso do FST se deu também porque pautou na base dos movimentos sociais o tema da Rio+20 e no próprio governo brasileiro que, com a presença da presidenta Dilma, entrou de fato na preparação e organização tanto da conferência oficial quanto da Cúpula dos Povos.”

       Confirmando a avaliação da organização do FST quanto à inclusão do tema da Rio+20 na agenda, a Assembleia dos Movimentos Sociais, realizada na tarde de 28 de janeiro, no auditório da Usina do Gasômetro, aprovou um ato conjunto a ocorrer em 5 de junho, Dia Internacional do Meio Ambiente. A ideia é uma mobilização de caráter global contra o capitalismo e em defesa de justiça ambiental e social.


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       O documento aprovado na plenária, que teve a participação de cerca de mil ativistas, aponta a posição das organizações: “A tentativa de esverdeamento do capitalismo, acompanhada pela imposição de novos instrumentos da ‘economia verde’, é um alerta para que nós, dos movimentos sociais, reforcemos a resistência e assumamos o protagonismo na construção de verdadeiras alternativas à crise.”

       Na abertura das discussões, um dos coordenadores da Via Campesina e do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), João Pedro Stédile, fez um chamado à ação unitária que alcance o conjunto da população. “Temos que ser mais criativos para envolver as massas. Sem isso, não teremos força para derrotar o capitalismo nessa crise que assola os povos do mundo.” Nesse esforço, pontuou, será imprescindível fazer a disputa ideológica também nos meios de comunicação. “A burguesia no mundo controla as massas pela televisão, a esquerda não está na televisão.”

       A necessidade de manter a unidade na ação foi também o mote do seminário “Mundo do trabalho”, convocado pelas centrais sindicais do Rio Grande do Sul e realizado em 25 e 26 de janeiro na Assembleia Legislativa gaúcha. No primeiro dia da atividade, representantes de organizações brasileiras, das Américas e de Angola revezaram-se ao microfone apontando prioridades na ação dos trabalhadores diante da crise econômica e na luta pelo trabalho decente.

       Nivaldo Santana, falando pela CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), destacou a necessidade de o Brasil se defender dos efeitos mais nefastos das turbulências econômicas que assolam o mundo. “É fundamental que crie barreiras contra a crise. Para isso, defendemos como principal bandeira um projeto de desenvolvimento nacional”, afirmou. Segundo ele, esse deve se pautar pelo fortalecimento do mercado interno, o que exige medidas como a valorização salarial, a redução da jornada de trabalho e o fim da demissão imotivada.

       Lembrando que em 2012 acontecerá, além da Rio+20, a Conferência do Trabalho Decente, Quintino Severo, da CUT (Central Única dos Trabalhadores), salientou a necessidade de demarcar os interesses da força produtiva nesses debates. “Ambos são momentos para reafirmar a concepção de classe trabalhadora de como enfrentar a crise. Não adianta falar em desenvolvimento sustentável sem distribuição de renda. Não queremos que os Estados Unidos e a Europa venham dizer que não podemos nos desenvolver. Não vamos à Rio+20 para dizer amém”, disparou.

       João Carlos Gonçaves, o Juruna, da Força Sindical, enfatizou a necessidade de manter a unidade construída pelas centrais nos últimos anos. Entre os brasileiros, participaram ainda representantes da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), da UGT (União Geral dos Trabalhadores), da NCS (Nova Central Sindical), além de Nair Goulart, da CSI (Confederação Sindical Internacional), e João Batista Lemos, da FSM (Federação Sindical Mundial).


Com a colaboração de Ciranda, Carta Maior e FST 2012




 

 

 

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