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Cresce Brasil – EcoSP debate tecnologias e boas práticas à sustentabilidade ambiental

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Lixo zero, reciclagem, transporte menos poluente, alimentos orgânicos e agroecologia, energia limpa e inovação tecnológica em prol da sustentabilidade. Esses temas compuseram a programação do IX Encontro Ambiental de São Paulo (EcoSP). Promovido pelo SEESP com o apoio da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), o evento ocorreu em 21 e 22 de março último, na sede do sindicato paulista, na Capital. Profissionais da área e estudantes de todo o Estado lotaram o auditório.

 

Entre as autoridades à abertura, o vereador paulistano José Police Neto (PSD) e Douglas de Paula, representante do secretário Municipal de Infraestrutura e Obras de São Paulo, Vitor Aly. Também compôs a mesa inaugural Marcellie Dessimoni, coordenadora do Núcleo Jovem Engenheiro do sindicato.

 

Durante a atividade foi expresso o apoio do SEESP ao Dia Nacional de Lutas em Defesa da Previdência Social, que se realizava em todo o País no mesmo dia do encerramento do EcoSP. A iniciativa chamada pelas centrais sindicais contra a reforma da Previdência pretendida pelo Governo Bolsonaro – constante da Proposta de Emenda à Constituição 6/2019 – reuniu milhares de pessoas nas diversas cidades e capitais brasileiras.

 

A tragédia em Brumadinho (MG), com a ruptura da barragem do Córrego do Feijão em 25 de janeiro último, também foi destacada. À abertura, Carlos Alberto Guimarães Garcez, vice-presidente do SEESP e organizador do encontro, frisou: “O sindicato montou um grupo de trabalho com especialistas na área de solo que já está se reunindo para debater propostas para evitar o que houve. Uma dessas sugestões é a criação de uma Secretaria de Engenharia de Manutenção de Obras e Serviços.” A proposta foi ratificada pelo presidente do sindicato, Murilo Pinheiro: “É fundamental para que tenhamos periodicidade na fiscalização dessas obras, com custo mais baixo e equipamentos públicos com mais qualidade.” Ele ressaltou o papel das entidades sindicais na discussão de temas cruciais como esse para a população. Murilo citou ainda edições anteriores do EcoSP – sucessor do EcoVale, que ocorreu em Taubaté, no Vale do Paraíba, durante quatro anos consecutivos. E enfatizou sua importância no debate de propostas para o desenvolvimento sustentável. Ao encontro do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da FNE.

 

 

Energia limpa

Entre as propostas dos engenheiros incluí­das nessa plataforma, o uso de fontes alternativas foi abordado durante o EcoSP. Patrícia Mazzante do Nascimento Crevilaro, da Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), destacou os benefícios da utilização do gás natural. De acordo com ela, nesse sentido, a empresa – presente até o momento em 89 dos 177 municípios paulistas abrangidos na área de concessão – teve atuação marcante na remoção da nuvem de poluição que dominava um deles, Cubatão, até a década de 1980 e início de 1990. Em 1989, iniciou-se o processo de conversão e, atualmente, quase todas as indústrias locais utilizam o gás natural, que produz menos emissões, por exemplo, de material particulado e óxido de nitrogênio. Hoje, segundo Crevilaro, em todo o Estado, 1.265 indústrias utilizam o gás natural e 17 mil comércios.

 

Já Welington Capelari e Tarantine Martine, da Wobben Windpower, discorreram sobre os benefícios ambientais da energia eólica. Presente em 28 países, a empresa alemã conta com três fábricas no Brasil desde 1995, através da subsidiária Enercon. “O Brasil hoje conta 18,8GW instalados, nas regiões Nordeste e Sul, onde os ventos são mais propícios. A maior capacidade instalada encontra-se no Rio Grande do Norte”, salientou.

 

Segundo Tarantine, como qualquer grande empreendimento, mesmo atendidas as condicionantes ambientais, a instalação de parques eólicos gera impactos negativos a princípio. Mas depois são transformados em positivos. “A emissão de CO2 evitada nos últimos 12 meses equivale a 17 milhões de automóveis. Vinte e cinco milhões de toneladas deixaram de ser emitidas, conforme dados de dezembro de 2018”, revelou. Ainda, no sertão, garante água às populações. E de acordo com sua informação, a implantação movimenta as economias locais, ao gerar emprego e renda aos habitantes das comunidades no entorno.

 

No transporte, a SPTrans pesquisa desde 2015 o que existe de alternativa em eletromobilidade no mundo e já realiza testes com frota piloto tracionada a bateria. Quem detalhou foi Simão Saura Neto, da São Paulo Transporte S/A (SPTrans). Ele apresentou estudos que indicam economia de R$ 100 mil ao ano com combustível na substituição de um veículo a diesel por um elétrico a bateria. Em cerca de dez anos o investimento neste último se pagaria. Também foram feitos testes que demonstram que o consumo por quilômetro em ônibus movido a bateria corresponde a praticamente metade em relação ao trólebus.

 

Conforme Saura, a empresa procurou instituições internacionais para trocar conhecimento e buscar alternativas para a mudança no sistema, como a Sociedade Alemã para a Cooperação Internacional e a WRI Cidades Sustentáveis. Esta montou um cronograma de alteração da frota para atender a Lei Municipal nº 16.802/2018, a qual prevê prazos escalonados à redução de emissão de poluentes na cidade – exigência na nova licitação para renovação da frota de 13.600 ônibus.

 

Energia também foi o tema de Paulo da Fonseca Alves Pereira, da Kev Line Administração Empresarial. Ele falou sobre “desenvolvimento sinergético para resgatar o Brasil”, baseado em modelo de integração energética.

 

 

Reciclagem e lixo zero

Uma experiência em logística reversa chamou a atenção da plateia: a implantação de um setor de sustentabilidade em uma confecção do ramo têxtil – área industrial entre as mais poluentes. A iniciativa gerou um processo produtivo capaz de reciclar uniformes profissionais usados, bem como os retalhos que sobram após o corte da modelagem. O relato foi feito por Jonas Lessa, um dos idealizadores da Retalhar Logística Reversa e Consciente, que surgiu em 2014 a partir desse processo. Desde que o trabalho começou, ele estima que a empresa já contribuiu com redução nos aterros equivalente a 200 carros populares, levando em conta que uma tonelada de resíduos têxteis ocupa o mesmo volume que dois desses veículos. “O problema é gigantesco e precisa de solução em larga escala. As empresas ainda estão num processo de compreender a importância de investir nisso para prevenir os danos ambientais.” Apesar de a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) instituir o instrumento da logística reversa, que prevê responsabilidade compartilhada pelos resíduos produzidos, falta regulamentação para que esse processo avance.

 

Ainda acerca do tema, o diretor técnico da Associação Brasileira da Indústria da Iluminação (Abilux), Isac Roizenblatt, falou sobre a importância de se reciclarem as lâmpadas de mercúrio fluorescentes, presentes inclusive em muitas empresas. “O mercúrio é um metal pesado, perigoso, tóxico”, argumentou. A associação Reciclux, segundo ele, conta 1.249 pontos de coleta e já recolheu mais de 2,6 milhões dessas lâmpadas. Roizenblatt explicou que o material reciclado é destinado a laboratórios e maquinações. Nada é descartado: “O pó fluorescente pode ser usado até na fabricação de tijolos”, destacou.

 

O engenheiro ambiental Luiz Gabriel Catoira de Vasconcelos, por sua vez, relatou sua participação no Núcleo de Educação Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (Neamb-UFSC) e atuação no projeto Escola Lixo Zero, tema de seu mestrado. O desafio foi lançado em 2016, no Colégio de Aplicação da UFSC, com a proposta inicial de não se produzir lixo por uma semana. O resultado foi a diminuição pela metade da geração de resíduos na escola, de 67kg por semana para 33kg. Para que uma instituição de ensino seja classificada como “lixo zero”, Vasconcelos colocou como pontos principais a mobilização por meio de desafio e a inserção do tema no currículo escolar.

 

Flavia Lemes da Cunha, fundadora da empresa de gestão de resíduos Casa Causa, também abordou o conceito lixo zero como uma meta para guiar as pessoas a mudarem seus modos de vida, em que “todos os materiais são projetados para permitir sua reutilização”. Segundo ela, abrange todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

 

Uma pessoa produz em média 30kg de lixo por mês, conforme estudos apresentados por Cunha. Sobre a forma de descarte, frisou, ainda hoje 64% dos municípios brasileiros utilizam os lixões, o que deveria ter sido descontinuado em 2015 – segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos – e teve prazo estendido para 2021. Do lixo produzido, 40% provêm de restos de alimentos, volume que pode ser reduzido com a compostagem. Ademais, ela salientou a importância da reciclagem e coleta seletiva.

 

Também entre os palestrantes o engenheiro Olímpio de Melo Alvares Junior, que falou sobre as vantagens do Programa de Inspeção Veicular Ambiental brasileiro; o fotógrafo e videomaker Pedro Nakata Mascaro, o qual abordou os benefícios ambientais com o uso de drones; e Ana Flávia Borges Badue, do Instituto Kairós, que discorreu sobre a Lei 16.140/2015, relativa à inclusão de alimentos orgânicos ou de base agroecológica na alimentação escolar no âmbito do sistema municipal de São Paulo. Segundo ela, a busca agora é por tornar essa política um programa estratégico, que transforme a economia convencional em circular – ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

 

Cobertura completa aqui.

 

 

 

Por Soraya Misleh. Colaboraram Deborah Moreira e Jéssica Silva

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