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20/07/2012

Brasil explora pouco potencial de energia solar e eólica

A afirmação é de Eloy Casagrande Jr., doutor em Engenharia de Recursos Minerais e Meio Ambiente, pela University of Nottingham, e pós-doutor em Inovação Tecnológica e Sustentabilidade, pelo Instituto Superior Técnico (IST), de Lisboa. Atualmente é professor na UTFP (Universidade Tecnológica Federal do Paraná). Ele falou sobre o assunto em entrevista ao IHU (Instituto Humanitas Unisinos), do Rio Grande do Sul. Reproduzimos, a seguir, trechos da entrevista.

IHU On-Line - O Ministério de Minas e Energia divulgou que 15% dos domicílios brasileiros já dispõem de energia solar. O que esse percentual significa em termos de investimento em energia renovável?
Eloy Casagrande Jr. -
Significa muito à medida que o governo começa a reconhecer as energias renováveis como a solar, a eólica e a biomassa. Representa que, de algum modo, o país está saindo desse paradigma da energia hidrelétrica e termoelétrica. O investimento nas energias renováveis contribui para a redução de emissões, para uma maior eficiência energética, gerando menos gastos à sociedade. Então, o governo poderia aumentar, como fizeram em outros países, a linha de apoio por meio de isenções fiscais, linhas de financiamento especiais, porque, com esse tipo de apoio, se consegue que novas tecnologias entrem no mercado com mais força, possibilitando o acesso dos consumidores.

IHU On-Line - Por que o investimento em energia solar ainda é baixo, visto que o país possui os recursos necessários? Como entender a falta de incentivo para a produção de energia alternativa no Brasil, como a energia solar, por exemplo?
Eloy Casagrande Jr. -
O Brasil tem um potencial de energia solar e eólica ainda inexplorado. De fato, há uma baixa geração comparada ao potencial brasileiro. Nesse sentido, ainda há um caminho longo para percorrer em termos de desenvolvimento, tecnologia, know-how, criação de mais empregos, etc. Quando um país começa a sair do paradigma de uma energia poluente, como a energia baseada no combustível fóssil, e passa a investir em uma energia como a renovável, tem que investir em informação, educação, inovação, e precisa criar condições para que essa energia possa ser consolidada no mercado. Vejo que em todos os países isso acontece por meio de ações do governo. Não se pode deixar o mercado atuar sem nenhum tipo de apoio. Há de ter aí a "mão forte" do governo para isso acontecer.

IHU On-Line - A proposta para a ampliação da energia solar consiste em investir em um modelo de energia descentralizado ou num modelo centralizado?
Eloy Casagrande Jr. -
Os investimentos apontam para a energia descentralizada. A última resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sinaliza para que os consumidores, a partir de 2013, possam instalar uma regulamentação para energia fotovoltaica, energia eólica e energia de biomassa, ou seja, para que possam instalar minigeradores, microgeradores nas suas casas, nos escritórios, no hospital, numa escola, e a partir disso estar conectados à rede. Vamos nos tornar todos distribuidores de energia. Este é um modelo que já existe fora do Brasil há muitos anos. Ao investir nesse modelo, se tem a possibilidade de reduzir os custos da instalação, por exemplo, de painéis fotovoltaicos, que ainda necessitam das baterias. Além disso, ao produzir essa energia que não será consumida, será possível trocá-la por crédito de energia da rede, para utilizar a energia em momentos em que não há Sol, como à noite. Nesse sentido, percebe-se que há uma tendência clara para descentralizar a energia. Evidentemente, não se trata de grandes geradores, mas já é um avanço.

IHU On-Line - Quais os desafios em relação à energia solar no país? É possível garantir a eficiência energética investindo somente em energias renováveis?
Eloy Casagrande Jr. -
Temos que olhar a energia do ponto de vista sistêmico. Qualquer geração de energia do futuro vai ter que ser composta de diversas fontes. Não se pode, por exemplo, depender somente da energia oriunda de hidrelétricas, pois basta não chover por um período e ficaremos sem energia. Então, a matriz energética tem de oferecer um conjunto de ofertas de energia, que possam suprir as deficiências de cada uma.

Quando se discute a matriz energética, não se trata de dizer que a melhor energia é a hidrelétrica, a solar ou a eólica. O conjunto delas, associado a um bom programa de eficiência energética, o qual o Brasil precisa assumir, traria resultados. Ainda há muito o que fazer em relação às perdas de distribuição, em relação à melhoria dos equipamentos e dos produtos que utilizam energia elétrica, como os eletrodomésticos. As próprias construções também podem ser um alvo de estudo em posição de maior eficiência energética. Na Universidade Federal do Paraná, por exemplo, realizamos o projeto do "escritório verde", que aponta um conjunto de soluções para maior eficiência energética e uso racional da energia. Entre as propostas, estuda-se o isolamento térmico de futuras casas, com vidros e paredes duplas, com iluminação natural, com energia solar e com lâmpadas leves. Então, é esse conjunto de tecnologias e equipamentos que vai determinar o quanto de energia será possível dispor no futuro, trazendo economia.

IHU On-Line - É possível vislumbrar a geração de energia descentralizada e autossuficiente no futuro?
Eloy Casagrande Jr. -
Não sei se vamos ver um modelo energético autossuficiente no futuro, mas podemos encaminhar para não sermos tão dependentes de um modelo centralizado. Claro que isso mexe com grandes negócios, mexe com grandes lobbies, que estão envolvidos com a energia elétrica, desde que ela se tornou uma commodity que capta, concentra e vende a energia. Essas empresas de energia elétrica têm ações na bolsa de valores. Energia virou um produto que precisa render. Essa visão também já nos traz uma visão mercantilista da energia.

No futuro até podemos discutir essa visão, mas hoje é o modelo que temos: existem grandes interesses econômicos ao redor de tudo isso, e se formos fazer uma retrospectiva histórica da construção das hidrelétricas no Brasil, veremos que são as mesmas construtoras que constroem as hidrelétricas de hoje.

 

Imprensa – SEESP
* Informação do IHU-Online



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Comentários  
# engenheiro civil presidente do conselho consultivo da Alaell soluções ambientaiseng luciano cortimig 22-07-2012 21:47
que bom......chegar a conclusão que são as mesmas empreiteras que construiram e constroem as hidroeletricvas no BRASIL
e que precisamos alterar a matrix energética urgentemente para não havendo um período de seca prolongado ,secar os reservatórios e faltar energia
A Matrix tem que ser variada e participar de toda a geração possível eólica ,solar,biomassa , das mares PCH ENFIM O GOVERNO TEM QUE INCENTIVAR TODAS
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