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16/02/2012

Precisa-se de engenheiros, artigo de Odenildo Sena

Além do déficit de profissionais, os dados do Ipea apontam 35% dos formados nas engenharias atuando em áreas alheias à profissão.

        A situação não está pra brincadeira. O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) nos dá a notícia de que a cada ano há um déficit de 20 mil engenheiros no Brasil. No acumulado de poucos anos, não é preciso ser nenhum engenheiro para se calcular o estrago que isso representa na sustentação do desenvolvimento do País. Ao lado disso, e agora os dados são do Ipea, 35% dos formados nas engenharias estão atuando em áreas alheias à função.

        Se partirmos para as comparações, o quadro se evidencia como mais preocupante ainda. Para cada mil trabalhadores ativos, por exemplo, o Brasil conta com seis engenheiros; Japão e Estados, com 25; França, com 15. Limitando-se aos países do chamado BRIC, o Confea nos dá os indicadores de que, enquanto em nosso País formam-se 23 mil engenheiros por ano, na China esses números chegam a 300 mil, na Índia, 200 mil e na Rússia 100 mil.

        No que tange às diferentes regiões brasileiras, há outra projeção de dados, desta vez do Censo da Pesquisa no Brasil do CNPq, que não pode passar despercebida, porque nela está a base da produção de novos conhecimentos e da geração de novas tecnologias. Na região Sudeste concentra-se 49% dos pesquisadores nas diversas engenharias; na região Sul, 24%; Nordeste, 18%; Centro-Oeste, 5%, enquanto na região Norte apenas 4%. Limitado ao número de somente pesquisadores doutores, os números continuam desproporcionais. No Sudeste estão 53%, no Sul 22%, no Nordeste 17%, no Centro-Oeste 5,3% e aqui no Norte apenas 2,7%.

        Diante desse cenário, não há para onde correr senão montar estratégias de toda ordem que permitam, de imediato, amenizar o estrangulamento do desenvolvimento do País e, em médio e longo prazo, superar essa adversidade. Aqui no Amazonas, o governo estadual, via Sect e Fapeam, abriu duas frentes de ações. A primeira, de resultado mais imediato e iniciada há dois anos, consistiu no mapeamento das áreas das engenharias mais afetadas, transformando-as em áreas estratégicas. Buscou-se parceria com o CNPq e a Capes para a oferta de 170 bolsas de doutorado destinadas a formar massa crítica de alto nível.

        A segunda, o Programa Estratégico de Indução à Formação de Recursos Humanos em Engenharias no Amazonas (Pro-Engenharias), em parceria com a Seduc. Em edição piloto e em fase de julgamento do processo, consiste na seleção de grupos com os melhores alunos, a partir do segundo ano do ensino médio da rede pública, os quais, com estímulo permanente de bolsas de estudo e atividades práticas complementares exclusivas, serão acompanhados e monitorados até o final da graduação e eventual ingresso na pós. Pela sua originalidade e pioneirismo, penso que vale a pena destrinchar aqui o programa na próxima semana.


Odenildo Sena é secretário de Ciência e Tecnologia do Amazonas e presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti). Artigo publicado simultaneamente no Diário do Amazonas e no Portal Amazônia no dia 14 de fevereiro e reproduzido dia 15 pelo Jornal da Ciëncia



www.fne.org.br




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