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11/08/2020

Artigo - Situação intolerável

João Guilherme Vargas Netto*

situacao intoleravel artigoTedros Adhanom, o secretário da Organização Mundial da Saúde, alertou que junto à pandemia do coronavírus há uma infodemia, uma enxurrada de informações falsas aflitas e desorientadas. Isso se reproduz também nos números.

 

Enquanto atingimos no Brasil a marca quilométrica de 100 mil mortos e 3 milhões de casos confirmados (números redondos que consagram infelizmente a “normalização” da doença), vicejam as mais atordoantes numerologias, porque todos sabemos que o pior é pior ainda que o numerado e não pode ser mascarado pelos números.


Os mais de cinco meses de pandemia, contados em dias, em horas, em minutos e em segundos, revelam-se milionários, mas confirmam – por falta de orientação segura, confiável, veraz e convincente – a alienação dos dirigentes políticos, dos formadores de opinião e até mesmo de parte da comunidade da saúde sobre as angústias e sofrimentos do povo que enfrenta a doença como pode, lutando para sobreviver (no duplo sentido).


O mesmo pandemônio instala-se nos números a respeito do desemprego e da crise social.

Com estatísticas precárias, perde-se no cipoal das informações o essencial das dificuldades a serem enfrentadas. Afinal de contas, quantos são hoje os brasileiros e brasileiras sem trabalho, sem emprego, sem renda? Como adicionar o número dos desempregados ao número dos desalentados ou dos subempregados? Como quantificar aqueles que hoje trabalham, mesmo a distância, sejam empregadores, empregados, autônomos, informais e intermitentes?

O matemático Alfred Whitehead alertava que toda exatidão é uma fraude.


Em lugar de se perder nos números e buscar uma ilusória exatidão estatística, devemos procurar entender, além dos números, como as relações de trabalho no Brasil estão desorganizadas com os empregados sofrendo agressões a seus direitos e ameaçados permanentemente de demissão.

Nunca tantos brasileiros e brasileiras não conseguiram trabalhar e sobrevivem com auxílios emergenciais que precisam ser mantidos como ato de salvação nacional, muito além de interesses políticos imediatos.

Não basta quantificar a tragédia; é preciso abrir os olhos e fazer com que a solidariedade se exerça, sem aceitar a normalização de uma situação intolerável.



Joao boneco atual

* Consultor sindical






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